Resenha: As Vantagens de ser Invisível, de Stephen Chbosky



Nunca pensei que fosse terminar um livro, cuja leitura seguia tão descompromissada, com a estranha sensação de que as coisas não acabariam bem. Antes que eu pareça idiota, preciso deixar bem claro que nunca assisti ao filme e, portanto, não poderia ter ideia do que se tratava ao certo. Comprei a versão com a capa do filme há alguns meses e só agora terminei de ler. 


A princípio, me senti estranha lendo as cartas de Charlie, pois sua linguagem e atitudes descritas são muito imaturas e repetitivas. Claro que isso é tudo proposital. O livro é narrado na pessoa de Charlie, um garoto prestes a completar dezesseis anos que vive uma vida comum. Na verdade, o livro nada mais é do que suas cartas, escritas para um destinatário oculto, nas quais ele conta tudo o que tem vivido de forma simples e tocante. A impressão que eu tive desde o começo é a de que Charlie tinha algum problema, mas aos poucos a leitura conduz a algo muito mais complexo e, ao mesmo tempo, tão normal.

Basicamente, Charlie é um garoto doce e solitário que pertence a uma boa e simples família. Após um incidente desagradável com um amigo, ele se vê só, mas não por muito tempo. Logo, ele conhece Sam e Patrick, dois colegas de escola mais velhos que o acolhem de uma forma muito carinhosa. Daí em diante, Charlie tem tanta coisa para contar, que nada melhor do que escrever, não é mesmo?



(...) Sam e Patrick me levaram de carro à festa naquela noite, e eu me sentei no meio na picape de Sam (…) A sensação me aconteceu quando Sam disse a Patrick para encontrar alguma coisa no rádio. E ele só encontrava comerciais (…) E por fim ele encontrou esta canção realmente maravilhosa sobre um cara, e nós ouvimos em silêncio.

Sam batucava com as mãos no volante. Patrick colocou o braço para fora do carro e fazia ondas no ar. E eu fiquei sentado entre os dois. Depois que a música terminou, eu disse uma coisa:

Eu me sinto infinito.”



As experiências de Charlie com seus novos amigos são normais, mas também audaciosas. Das diversas coisas que Charlie faz ou assiste, algumas acontecem em meio às drogas e o álcool, o que na minha opinião só serve para deixar o Charlie ainda mais “doidão”, como diria seu irmão. Ele está sempre fazendo perguntas a todos, algumas bem inconvenientes e dignas de uma criança de cinco anos. Porém, ao contrário do que possa parecer, tais experiências não o influenciam tanto e a abordagem é feita da forma mais natural possível.

Na maior parte do tempo, Charlie só observa as pessoas a sua volta. Ele parece ter o dom de estar no lugar errado e na hora errada, o que o faz presenciar certos acontecimentos que não deveria ver. Especialmente quando se trata de pessoas próximas e por quem ele deveria fazer algo. Confesso que não imaginava que o livro fosse abordar tantos temas polêmicos de uma forma tão natural. Não sei o que eu esperava, mas certamente não era nada do que li. Não esperava que segredos realmente complicados seriam desvendados, mas em determinado ponto tive muito medo do que o futuro poderia ter reservado para Charlie, sua família ou seus amigos. Trata-se de um drama travestido de um simples relato, mas que no final, te choca e faz tudo ter sentido. Cada palavra repetida, cada lágrima e cada lembrança nebulosa de Charlie são pequenos pedaços de um quebra-cabeças, um pouco triste, mas também feliz, chamado vida.

E se tem uma coisa que aprendi/compreendi foi que:



(...) a gente aceita o amor que acha que merece.”

1 comentários:

  1. Muito boa sua resenha.. só assisti o filme e queria muito ler!!
    Amo o Charlie, demais..

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