Across
The Universe, publicado no Brasil pela editora Novo Século e escrito
pela estreante, Beth Revis, é o típico livro que me atrai pela capa
e me surpreende pelo conteúdo. Estava, há bastante tempo, querendo
devorar suas páginas e só há dois dias o encontrei. Entenda que
qualquer história que trate de estrelas e o desconhecido tende a
ser, no mínimo, curiosa, mas também fantástica. Minhas impressões
sofreram uma certa decepção durante as primeiras cem páginas,
quando pensei notar um certo “lugar comum” dos young-adults. Com
paciência, consegui chegar a algo diferente no decorrer da história
e posso dizer que não foi nada mal.
Um fator
interessante é a narração em primeira pessoa, porém sob dois
pontos de vista, de dois personagens, intercalados a cada novo
capítulo. A ideia funciona e os personagens em questão não são
chatos.
Amy
deixou para trás seus amigos, seu namorado, seu mundo inteiro para
se juntar aos pais a bordo da nave espacial Godspeed. Para a longa
viagem, ela e seus pais foram criogenicamente congelados, esperando
enfim acordarem em um novo planeta: Terra-Centauri. Porém, cinquenta
anos antes do previsto, a câmara criogênica de número 42 é
misteriosamente desligada, e Amy se vê forçada a sair de seu
profundo sono de gelo. Alguém havia tentado matá-la. Agora, Amy
está presa em um novo – e pequeno – mundo, onde nada parece
fazer sentido. Os 2312 passageiros a bordo de Godspeed são liderados
pelo tirânico e assustador Eldest. Elder, seu rebelde sucessor,
parece ao mesmo tempo fascinado por Amy e ansioso por descobrir nele
mesmo tudo o que se espera de um líder. Amy quer desesperadamente
confiar em Elder, mas será que ela deve colocar seu destino nas mãos
de um garoto que jamais conhecera a vida fora daquelas frias paredes
de metal? Tudo o que Amy sabe é que ela e Elder devem correr para
desvendar os segredos mais ocultos de Godspeed, antes que o assassino
tente matá-la novamente.
Através do Universo
é um daqueles livros que podem ser amados ou odiados, mas que, sem
dúvida, possuem um enredo inovador. Como já disse, qualquer
história que foque em algo como as estrelas me atrai, porém um bom
desenvolvimento é essencial para que a decepção não me atinja. As
primeiras páginas cansam um pouco, devido à espera de determinado
acontecimento que será o estopim para a trama, mas o ritmo segue
bem, assim que você se acostuma. A maioria dos detalhes é
apresentada como sugestão, pelos próprios personagens (óbvio, é
primeira pessoa...) e não é nada complexo entender aonde chegar.
Como toda distopia, a expectativa do futuro ou sua falta, é um forte
fator. Acho interessante que, neste caso, apesar da história se
passar a bordo de uma nave espacial em busca de um novo lar, a Terra,
o planeta de origem, só é considerada passado porque a tripulação
jamais voltará a vê-la, e não por ter sido destruída ou algo
assim.
A nave, em missão
colonizadora, esconde segredos complexos, duvidosos e vitais. Elder,
o futuro líder, é só um garoto curioso e em aprendizado, que se
excede ao descobrir um compartimento, que guarda itens muito
peculiares. Existem cem pessoas congeladas e aguardando a chegada à
Terra-Centauri, cada uma necessária devido a suas qualificações,
exceto uma. Amy só está lá por ser filha de dois voluntários,
tendo deixado sua breve vida na Terra por apego a eles. O problema é
que durante os trezentos e um anos que deveria passar congelada, ela
entra e sai de angustiantes memórias, sonhos e pesadelos, fatos
mostrados por seu ponto de vista, desde o momento de seu
congelamento.
As pessoas que vivem
na nave possuem características físicas comuns e similares, razão
pela qual Amy tanto se destaca, ao ser descongelada e revivida como a
garota da Terra que não só possui olhos, cabelos e pele incríveis,
como também já viu o Sol, as estrelas e o mar. Confesso que um
indício de romance, logo nas primeiras páginas, me irritou um
pouco, mas a ligação entre os fatos se torna maior com o tempo. As
pessoas na nave mais parecem robôs, pois não fazem ideia das razões
e segredos que estão por trás da incrível jornada através do
universo. Na verdade, o maior mistério do livro é, justamente, o
significado da jornada. Quando Amy é descongelada, acidentalmente ou
criminosamente, seguida por outros companheiros de situação, que
não têm a mesma sorte, o atual líder da nave se mostra hostil e
suspeito, mas nada é o que parece e, as surpresas só estão
começando.
Em meio aos dilemas
de ser um peixe fora d'água, Amy não faz ideia da batalha que Elder
trava consigo mesmo e o futuro que o aguarda como líder de toda
aquela gente. O garoto desconfia que Eldest não está lhe contando
tudo, mas também não consegue chegar a uma conclusão útil. Acho
muito válida a personalidade dele e sua forma de tentar compreender
o mundo. O fato é que Elder se importa com Amy e sua condição
desde que a viu congelada, embora esteja centrado na investigação
do possível assassino. No começo, a típica paixão platônica e
adolescente mostra um “lugar comum” enjoativo e eu discuto comigo
mesma sobre a razão de ter desejado tanto ler um livro que me
levaria ao mesmo lugar que os outros. Mas, ah! A quem estou
enganando? Um livro nunca me perdeu com romance, por que este iria?
Logo, eu estou vidrada em cada página, aguardando uma revelação
bombástica ao estilo “Luke, I am your father”.
O desenrolar é
lento o suficiente para nos permitir refletir, ao lado de Elder e
Amy. Não é que tudo seja óbvio, mas as conclusões são simples e
se dão sem choque ou grandes surpresas. Como o fim não é realmente
o fim, já que há continuação em mais livros, a dúvida que
permanece é apenas uma alerta de spoiler: como e onde,
diabos, essa nave vai pousar?
Enfim, eu esperava
tanto, mais tanto deste livro, que uma decepção, mesmo que pequena,
teria que haver, certo? Então, Através do Universo não é o que eu
esperava, mas faz seu papel e me induz a querer a continuação, que
terá mais uma capa e título lindos. Um Milhão de Sóis já é uma
de minhas expectativas para este ano, já que a verdadeira ação
deve acontecer neste e eu já sei o que esperar da leitura.
A premissa desse livro não me atrai, acho que falta algo nele, sei lá. Não leria, pelo menos não agora.
ResponderExcluirNarrativas por mais de um personagem tendem a ser repetitivas, quando contam sobre o mesmo lado da estória.
Beijos
www.leitoraincomum.com
Oi Camilla, tudo bom?
ResponderExcluirQuanto tempo!
Essa capa é maravilhosa, e o enredo parece ser bem legal...
Todo livro que a gente cria expectativas demais acabam nos decepcionando né? Principalmente quando um autor é novo para a gente...
Gostei muito da resenha!
Tem post novo lá no blog!
Beijão
endless-poem.blogspot.com.br