Segundo
volume da trilogia Fifty Shades of Grey (Cinquenta Tons de Cinza),
Cinquenta Tons Mais Escuros (Fifty Shades Darker), publicado pela
Intrínseca no Brasil, não surpreende, mas melhora o ritmo dos
acontecimentos. A história continua de onde o primeiro parou e dá
uma continuidade monótona, porém mais interessante para a trama.
Desta vez, eu ri muito com os detalhes e pensamentos de Ana.
Ana e
Grey estão separados desde o dia em que ela o deixou e, ambos sofrem
bastante pela ausência do outro. Seguindo a vida em seu novo
trabalho e convivendo com as lembranças do relacionamento com Grey,
fatores como um chefe com segundas intenções, uma anorexia
implícita e uma promessa feita a um amigo, levam Ana a reencontrar o
ex e não mais resistir. Logo, o casal está firme e forte,
novamente, para viver suas aventuras sob os termos dela, o que me
leva a pensar no quão falsa é a reputação desse Christian Grey.
Confesso
que me diverti bastante com alguns momentos do livro, como o do
trecho a seguir, não por serem brilhantes, mas porque de tão bobos
acabam sendo engraçados (Vai entender, né?).
“- Ainda está bem duro – diz com a sobrancelha erguida. Ele
tira uma colher cheia e a leva até a boca. - Delicioso. - murmura,
lambendo os lábios. - É incrível como um bom e velho sorvete de
baunilha pode ser tão bom. - Abaixa a cabeça, olhando para mim. -
Quer um pouco? - brinca.”
A quantidade de assuntos e fatos repetidos é grande, como o problema
do carro, que já havia sido resolvido, anteriormente, mas que os
personagens insistem em trazer à tona de novo, deixando a discussão
maçante. De novidades, temos o levantamento das ex-amantes de Grey,
todas submissas, despertando ciúmes mentais em Ana. O problema é
que uma dessas mulheres do passado dele está de volta e com atitudes
suspeitas e perigosas, o que faz Grey acreditar que Ana corre perigo.
Leila, a tal amante regressa insiste em aparecer nos lugares mais
inusitados e cheia de enigmas, com uma aparência obscura, mas também
deixando óbvio um incômodo detalhe: ela se parece muito,
fisicamente, com Ana, e ainda, alega que todas se pareciam. Isto é
suficiente para perturbar os pensamentos da namorada de Grey, que
para piorar a situação, acaba conhecendo Mrs. Robinson, aquela que
“inventou” o atual Christian e sua “mania”.
Passando muito tempo juntos, o casal passa a se conhecer melhor e
defeitos, ainda maiores, são vistos de perto. Logo, Ana está
curiosa a respeito do passado de Grey, pois sente que ele não lhe
contara tudo e que falta uma importante peça no quebra-cabeças. A
presença de Leila se torna a cada vez mais assustadora, o que faz
com que Grey decida se hospedar em um hotel, razoavelmente distante,
em segredo, juntamente com Ana. Eles acabam vivendo bons momentos,
distantes dos problemas e encarando seus sentimentos com honestidade.
Em determinado momento, durante uma conversa sincera, Christian abre
seu coração e assume seu amor, além de dizer que admira a força e
coragem de Ana para lidar com os problemas, mesmo após ter que,
praticamente, fugir para se proteger. Quanto ao amor, beleza. Ninguém
escolhe a quem amar e, geralmente, é incondicional. Mas dizer que a
mulher é forte e guerreira quando, na verdade, ela choraminga o
tempo inteiro, é um pouco demais para minha compreensão.
A conclusão a que se chega pode ser resumida por uma pequena frase
de um diálogo, tirado diretamente, do primeiro livro da Saga
Crepúsculo: e o leão se apaixonou pelo cordeiro. Ao menos, é o que
acho que tentaram passar para o leitor.
Christian passa a se mostrar um perfeito submisso e assume a condição
ao ter seu pior segredo revelado, sendo que por medo de ser
abandonado pela namorada, lhe pede em casamento, da forma mais
humilhante possível. A reação dela, obviamente, é a mais doce que
se pode esperar: ela o enrola e diz que não pode responder ainda.
De tantas conversas e cenas inusitadas, uma me marcou bastante,
fazendo-me ter certeza de que nunca mais verei um elevador lotado da
mesma forma. É uma bobagem, mas bem sugestiva e copiável...
“...Tenho certeza de que pareceríamos um jovem casal
apaixonado, abraçando-se num canto, caso alguém se desse o trabalho
de virar para trás para ver o que estamos fazendo...”
Eventualmente, a resposta de Ana para o pedido de casamento, acaba
sendo bonitinha, apesar da enrolação. Ela soube pegá-lo de
surpresa e lhe dar um presente de aniversário válido, tenho que
admitir. Um grave acidente também põe à prova os sentimentos do
casal e deixa sequelas que só serão resolvidas e compreendidas no
último livro da trilogia.
O que esperar do próximo e último volume? Um casamento, ameaças e
um final água com açúcar, ou melhor, um final meio café... não
espero surpresas, especialmente após uma brusca mudança na pessoa
que narra, que só me fez acreditar numa vã tentativa de trazer
emoções mais realistas e maduras ao leitor, mas pode funcionar. É
ler para crer...
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