Resenha: Cinquenta Tons Mais Escuros, E. L. James



Segundo volume da trilogia Fifty Shades of Grey (Cinquenta Tons de Cinza), Cinquenta Tons Mais Escuros (Fifty Shades Darker), publicado pela Intrínseca no Brasil, não surpreende, mas melhora o ritmo dos acontecimentos. A história continua de onde o primeiro parou e dá uma continuidade monótona, porém mais interessante para a trama. Desta vez, eu ri muito com os detalhes e pensamentos de Ana.

Ana e Grey estão separados desde o dia em que ela o deixou e, ambos sofrem bastante pela ausência do outro. Seguindo a vida em seu novo trabalho e convivendo com as lembranças do relacionamento com Grey, fatores como um chefe com segundas intenções, uma anorexia implícita e uma promessa feita a um amigo, levam Ana a reencontrar o ex e não mais resistir. Logo, o casal está firme e forte, novamente, para viver suas aventuras sob os termos dela, o que me leva a pensar no quão falsa é a reputação desse Christian Grey.
Confesso que me diverti bastante com alguns momentos do livro, como o do trecho a seguir, não por serem brilhantes, mas porque de tão bobos acabam sendo engraçados (Vai entender, né?).

- Ainda está bem duro – diz com a sobrancelha erguida. Ele tira uma colher cheia e a leva até a boca. - Delicioso. - murmura, lambendo os lábios. - É incrível como um bom e velho sorvete de baunilha pode ser tão bom. - Abaixa a cabeça, olhando para mim. - Quer um pouco? - brinca.”

A quantidade de assuntos e fatos repetidos é grande, como o problema do carro, que já havia sido resolvido, anteriormente, mas que os personagens insistem em trazer à tona de novo, deixando a discussão maçante. De novidades, temos o levantamento das ex-amantes de Grey, todas submissas, despertando ciúmes mentais em Ana. O problema é que uma dessas mulheres do passado dele está de volta e com atitudes suspeitas e perigosas, o que faz Grey acreditar que Ana corre perigo. Leila, a tal amante regressa insiste em aparecer nos lugares mais inusitados e cheia de enigmas, com uma aparência obscura, mas também deixando óbvio um incômodo detalhe: ela se parece muito, fisicamente, com Ana, e ainda, alega que todas se pareciam. Isto é suficiente para perturbar os pensamentos da namorada de Grey, que para piorar a situação, acaba conhecendo Mrs. Robinson, aquela que “inventou” o atual Christian e sua “mania”.
Passando muito tempo juntos, o casal passa a se conhecer melhor e defeitos, ainda maiores, são vistos de perto. Logo, Ana está curiosa a respeito do passado de Grey, pois sente que ele não lhe contara tudo e que falta uma importante peça no quebra-cabeças. A presença de Leila se torna a cada vez mais assustadora, o que faz com que Grey decida se hospedar em um hotel, razoavelmente distante, em segredo, juntamente com Ana. Eles acabam vivendo bons momentos, distantes dos problemas e encarando seus sentimentos com honestidade. Em determinado momento, durante uma conversa sincera, Christian abre seu coração e assume seu amor, além de dizer que admira a força e coragem de Ana para lidar com os problemas, mesmo após ter que, praticamente, fugir para se proteger. Quanto ao amor, beleza. Ninguém escolhe a quem amar e, geralmente, é incondicional. Mas dizer que a mulher é forte e guerreira quando, na verdade, ela choraminga o tempo inteiro, é um pouco demais para minha compreensão.
A conclusão a que se chega pode ser resumida por uma pequena frase de um diálogo, tirado diretamente, do primeiro livro da Saga Crepúsculo: e o leão se apaixonou pelo cordeiro. Ao menos, é o que acho que tentaram passar para o leitor.
Christian passa a se mostrar um perfeito submisso e assume a condição ao ter seu pior segredo revelado, sendo que por medo de ser abandonado pela namorada, lhe pede em casamento, da forma mais humilhante possível. A reação dela, obviamente, é a mais doce que se pode esperar: ela o enrola e diz que não pode responder ainda.
De tantas conversas e cenas inusitadas, uma me marcou bastante, fazendo-me ter certeza de que nunca mais verei um elevador lotado da mesma forma. É uma bobagem, mas bem sugestiva e copiável...
...Tenho certeza de que pareceríamos um jovem casal apaixonado, abraçando-se num canto, caso alguém se desse o trabalho de virar para trás para ver o que estamos fazendo...”
Eventualmente, a resposta de Ana para o pedido de casamento, acaba sendo bonitinha, apesar da enrolação. Ela soube pegá-lo de surpresa e lhe dar um presente de aniversário válido, tenho que admitir. Um grave acidente também põe à prova os sentimentos do casal e deixa sequelas que só serão resolvidas e compreendidas no último livro da trilogia.
O que esperar do próximo e último volume? Um casamento, ameaças e um final água com açúcar, ou melhor, um final meio café... não espero surpresas, especialmente após uma brusca mudança na pessoa que narra, que só me fez acreditar numa vã tentativa de trazer emoções mais realistas e maduras ao leitor, mas pode funcionar. É ler para crer...

0 comentários:

Gostou do post? Por que não faz um comentário e deixa uma blogueira feliz? :)