O que um governo poderia fazer se pudesse viajar no tempo?
Quem ele poderia destruir antes mesmo que houvesse alguém que se rebelasse? Quais alianças poderiam ser quebradas antes mesmo de acontecerem? Em um futuro não tão distante, a vida como a conhecemos se foi, juntamente com nossa liberdade. Bombas estão sendo lançadas por agências administradas pelo governo para que a nação perceba quão fraca é. As pessoas não podem viajar, não podem nem mesmo atravessar a rua sem serem questionadas. O que causou isso? Algo que nunca deveria ter sido tratado com irresponsabilidade: o tempo. O tempo não é linear, nem algo que continua a funcionar. Ele tem leis, e se você quebrá-las, ele apagará você; o tempo em que estava continuará a seguir em frente, como se você nunca tivesse existido e tudo vai acontecer de novo, a menos que você interfira e tente mudá-lo…
Todos os nossos ontens (All our
yesterdays), escrito pela autora Cristin Terrill e publicado pela
Editora Novo Conceito, é um romance distópico cujo enredo aborda
assuntos como viagem no tempo e futuro catastrófico.
Vamos lá. Quando soube do que
tratava o livro, fiquei logo ansiosa pela leitura. Distopias estão
sempre na minha lista de desejados, e este livro não poderia ser
diferente. Só que, para minha surpresa, a parte distópica da
história é apenas um pano de fundo para o romance que a autora
criou. Não que isto seja ruim, de jeito nenhum. Fiquei encantada
pela trama por várias razões que tentarei destacar a seguir.
Presa em uma cela há
não-se-sabe-quantos dias, conhecemos Em, que encontra um pouco de
conforto na voz do garoto da cela ao lado. Ela não sabe como, mas
uma parte dela quer encontrar uma maneira de sair daquele lugar,
mesmo com os guardas cruéis e armados lá fora e um inimigo
horrível, apelidado de Doutor. Não sabemos o que ela faz ali, tão
jovem, sofrendo torturas e tratamento sub-humano, mas conseguimos
perceber algo extraordinário assim que ela acessa um pequeno ralo no
chão de seu cubículo. Um papel contendo instruções através de
uma letra bem conhecida da garota muda todas as suas perspectivas. Em
outro tempo, conhecemos Marina, uma garota ainda mais jovem que Em,
que vive em um mundo ainda livre dos danos causados pela estranha
manipulação do tempo. Marina tem uma vida boa e, até mesmo,
cercada de futilidades. Ela é apaixonada pelo mellhor amigo, James,
e se irrita facilmente com o amigo do garoto, Finn. Mas a vida dos
três está prestes a mudar e, correr contra o tempo será mais do
que uma missão para salvar um amigo…
O livro é narrado em primeira
pessoa, sob os pontos de vista de Em e Marina, separados por uma boa
diferença de tempo. A princípio, a história parece um pouco
incompleta, pois não sabemos o que gerou toda a confusão, mas só
até entendermos que estamos em um futuro que deu muito errado. Aos
poucos, os capítulos que intercalam presente/passado/futuro se
tornam nítidos e muito simples de compreender. Em é uma personagem
forte, com um objetivo triste, porém necessário. Ela precisa fazer
algo terrível para que haja uma pequena chance de mudar o que está
por vir. Já Marina tem por objetivo apenas o bem de James, que
enfrenta algo terrível em sua vida, algo que pode destruí-lo de
várias maneiras. Em comum, as duas possuem a vontade de salvar vidas
alheias e colocá-las acima de tudo. Um personagem chave, meu
queridinho, aliás, é quem ajuda o leitor a ligar os pontos durante
a narrativa, de forma surpreendente e, bom, fofa. Pois é… lembram
que eu disse que a parte distópica estava mais para pano de fundo?
Então, o grande cerne da história é a força de vontade das
garotas e, claro, de seus ajudantes. Há um romance lindo e triste em
meio a toda a confusão e corrida contra o tempo, além de um
terceiro personagem que dá sentido a tudo. Não posso explicar, mas
posso dizer que, se você aprecia um romance inesperado em meio a um
turbilhão de acontecimentos em uma história, este livro tem a
fórmula perfeita.
O final é digno das incertezas e
infortúnios trazidos nos enredos distópicos, mas muito bom,
considerando o fato de que Todos os nossos ontens é um livro de
volume único. A leitura é tocante e a escrita da autora é,
definitivamente, perfeita. Eu não sei como, mas suas palavras e
forma de narrar com delicadeza pontos tão tristes, sem se aprofundar
exageradamente, me fizeram amar este livro logo nos primeiros
capítulos. O tema viagem no tempo já é delicado por si só, vamos
concordar, não é? Imaginem só, ter o poder de alterar o futuro
interferindo no passado… quantas pessoas você tentaria salvar? E
se, na verdade, a chave para o sucesso fosse justamente matar a
pessoa que você mais amou? Difícil, não é? Por isso, Todos os
nossos ontens me encantou tanto. Leitura mais do que recomendada a
todos.
“De repente, fico com muito medo. Não da explosão, que desafia minha compreensão, mas do que terei de fazer quando ela acabar. Do motivo de tudo isto.”
“Acho que nós nunca sabemos de verdade o que está acontecendo dentro de outra pessoa.”
Olá :)
ResponderExcluirEstou com vontade de ler o livro desde o seu lançamento por ter uma premissa distópica bem diferente e sabendo agora que é volume único quero mais ainda!
Adorei conhecer seu blog e já estou seguindo ^.^
Beijos,
http://livrosentretenimento.blogspot.com.br/