Resenha: Como Foi Depois de Você – Elaine Cardoso

Vitória Becky está no último ano da faculdade de Moda. Fora dos padrões de beleza que a sociedade impõe, Vicky não é muito sociável e sofre com seu problema de obesidade. Alex, seu único amigo, não poupa esforços em lembrá-la diariamente do quão linda ela é e sempre a protege de todos os que querem lhe fazer mal. Ela nutre um amor platônico por Harry Foster, o cara mais popular do campus, com fama de sair com as mais belas mulheres, e que sempre a humilhou publicamente com suas piadinhas por causa de seu excesso de peso. Numa noite, eis que acontece o imprevisível: Harry bate à sua porta e a convida para ser seu par no baile de formatura. Encantada, Vicky fica nas nuvens, achando que ele está apaixonado por ela. Porém, Harry tem um outro propósito, no qual Vicky viverá momentos intensos e confusos. O que será que Harry irá aprontar com Vicky? E Alex? Deixará sua amiga à mercê de mais uma humilhação ou irá protegê-la a todo custo?

Como foi depois de você é um romance nacional escrito pela autora Elaine Cardoso e publicado pela Editora Planeta Literário. Trata-se de um história leve, divertida, mas também cheia de dramas e reviravoltas.

Vicki é a típica garota insegura com seu corpo, acostumada a ser vista como alguém indigna da beleza ou romances verdadeiros. Apesar de ser um tanto discriminada pelas outras pessoas da sua idade desde que se lembra, ela tem em Alex uma linda e verdadeira amizade. Alex é bonito, trocou a popularidade pela presença de Vicki e, desde então, são inseparáveis. Mas existe um vazio na vida da garota, que sonha em viver um amor de contos de fadas ao lado do maior rival de Alex, Harry. Prestes a se formar na faculdade, sua vida dá uma guinada ao receber a visita de Harry e uma proposta irrecusável do homem dos seus sonhos. O problema é que Alex não aprova a presença de Harry na vida de Vicki e acaba deixando claro que ela terá que escolher entre um e outro.

O livro é narrado em primeira pessoa sob os pontos de vista de Vicki e Alex, alternados em capítulos. Conhecemos a fundo o que se passa na cabeça de Vicki e, a julgar por isto e suas atitudes, a garota me pareceu extremamente imatura e superficial. Não consegui entendê-la nem por um segundo, pois a cada momento ela me surpreendia com uma falta de bom senso de arrepiar. Alex, por outro lado, tem uma personalidade muito fofa. Ele é um amigo carinhoso, dedicado e muito paciente com Vicki (sim, ele não é assim tão legal com outras pessoas). Claro que ele não é perfeito, pois em dado momento temos um vislumbre de seu lado sombrio. Outros personagens também são mais interessantes do que a própria Vicki, como por exemplo uma das garotas mais antipáticas da faculdade, Margareth, que de tão mimada e segura de si, acaba sendo aquela que resolve e percebe tudo antes de todo mundo. Entretanto, a história se desenvolve de forma bem divertida graças a presença de cada um deles (mesmo que você queira matar alguns).

Um aspecto interessante é a passagem de tempo. No decorrer do livro, ocorre uma virada “daquelas”, tanto para os personagens principais quanto para o leitor. Fiquei bem surpresa com essa virada e ainda mais empolgada com a história, especialmente quando percebi que Vicki finalmente havia amadurecido. Infelizmente, não vi o mesmo em Alex ou Harry. Enquanto Alex se tornou um tanto grosso e possessivo, Harry continuou o mesmo inconveniente. O salto que a história dá no tempo traz novos desafios, problemas de adulto e uma novidade atrás da outra. O final é agridoce, com direito a tudo o que um conto de fadas tem (exceto pela parte da magia e tal)

Posso dizer que, a princípio, o que mais me encantou no livro (o que me atraiu mesmo) foi a capa (lindíssima!). Embora seja bem sugestiva com a fita na boca da moça, só fui entender o que significava quando comecei a ler. É o primeiro livro que leio da editora e já gostei do trabalho e do capricho.

“– Então, acabou de fazer sua escolha – disse. Que merda! Que garota exasperante. – Te vejo no baile. Espero que se divirta.

– … me dê um tempo. Depois do baile, podemos conversar e quem sabe…

– Não, Vicki. O seu momento era exatamente agora. Não terá uma próxima.”

encontro com a autora na Bienal do Rio/2015