Resenha: Princesinha – Magda Regadas Resende


Rio de Janeiro, ano 1986, cenário perfeito para quem quer desfrutar das delícias que a independência financeira traz. E ela tinha chegado lá! Nada poderia segurá-la! Nada? Glória, uma garota de 23 anos, ligadíssima aos seus Cinco Sentidos, tem um encontro sobrenatural com o que ela vem a chamar de sexto sentido - e isso muda toda a sua vida. Nesse encontro, ela vê o desenrolar de suas decisões e transformações. Inicia ai o caminho da submissão e rendição. Ela descobre que existe algo além do que podemos tocar, cheirar, ouvir, ver e provar. O espiritual também é real! E para não deixar dúvidas, Ele vem para provar isso, mas antes da revelação da verdade, Glória vai conhecer e percorrer o submundo do “Reino desta Terra”. Com isso ela se torna uma especialista nas muitas formas de manipulação. O objetivo sempre foi um só: manter sua coroa de princesinha intocável. O trono pode estar vazio, mas a coroa está firme em sua cabeça.

Princesinha é um romance nacional escrito pela autora Magda Regadas Resende e publicado pela Chiado Editora. O enredo foge do lugar comum a que estamos acostumados quando o assunto é sobrenatural e aborda, de um jeito bem diferente, um tema tão grandioso.

É difícil resenhar um livro com uma abordagem tão diferente quando este trata de um assunto sério (para muitos) e até mesmo polêmico. Mas vamos lá. Vou tentar expressar com clareza o que absorvi de Princesinha.
 
Para começar, a história não se passa nos dias de hoje, mas no finalzinho da década de 80. Glória vive no Rio desde que saiu de casa, em Minas, após os dezoito anos. Ela tem uma vida aparentemente feliz, longe das amarras de seu “reino”, vivendo ao lado de amigos, trabalhando e estudando. Ela sabe que faz algumas escolhas erradas na vida, mas lidar com isso não é nada fácil. Em dado momento ela é apresentada Àquele que virará sua vida de pernas para o ar, só para consertá-la. Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas… você não faz ideia do quanto Gloria estará ciente deste ditado.

O livro é narrado em primeira pessoa. Gloria é uma protagonista adulta e responsável, com os dilemas naturais de alguém em sua condição. Não consegui me identificar com sua personalidade e, menos ainda, com as situações vividas por ela, mas devo dizer que não é difícil imaginar o quanto ela é real, com seus erros e fugas peculiares. Basicamente, o livro é marcado por monólogos. Gloria conversa muito consigo e passa muito tempo divagando, algo que acaba deixando a leitura monótona. Por outro lado, é durante tais divagações que ela encontra as respostas de que precisa, não necessariamente as que deseja. A lição é grande e a caminhada dolorida, mas não é nada em comparação com a Dele. A personagem descobre que não basta confirmar a existência de algo maior, pois o maior desafio é saber que existem regras e que, se você não está disposto a se doar, não há como sair do lugar.
 
Não adianta me estender aqui, falando demais sobre o enredo, quando a história só pode ser compreendida se o leitor estiver de coração aberto. Como na vida, a personagem leva muito tempo para compreender o sentido do que procura, e nem sempre gosta do que encontra. Às vezes, é preciso despir-se de todos os seus princípios egoístas para só então aceitar o caminho da verdade. Vale a pena a reflexão. Infelizmente, o livro não passou por uma boa revisão e muitos diálogos ficaram confusos, embolados uns nos outros, algo que me incomodou e atrasou a leitura. Em geral, este é o único ponto negativo que tenho a ressaltar.

Os peões eram os bebês que avançavam sem muita força, pouco a pouco, de pequenos em pequenos passos. Ela chamava a todos de peças. O valor delas era um só: estar todas juntas num mesmo tabuleiro. Todas tinham seus lugares definidos, suas posições dentro do reino.
Mas a diferença existe. Um é cavalo, outro, torre, cada um com seu jeito de andar, de avançar. Mas ao contrário de muitos reinos, as peças podiam ser diferentes, andar de formas diferentes, agir de formas diferentes.
Mas todas tinham o mesmo valor e eram muito importantes. A falta de uma só delas impediria o início do Reino ou o seu recomeço.”

2 comentários:

  1. "Resenhar" Primcesinha Não é uma tarefa fácil, vai além do comum e fiquei super admirada e feliz ao ler essa resenha. Infelizmente ouve erros de diagramação, mas nada que roube o entendimento é a lógica.
    Obrigada lindinha! São as resenhas que nos fazem melhorar como autora, nos dão um vislumbre de como a história está chegando do outro lado.
    os pontos abordados por você serão muito bem trabalhados no próximo livro. Obrigada ! Amei!

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    1. Claro! E eu também agradeço pela oportunidade de conhecer esta leitura diferente das habituais, especialmente tendo Ele como protagonista :)

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