Resenha: Sombras do Medo – Camila Pelegrini


Em um futuro pós destruição em massa, provocada pelas guerras humanas e desastres naturais - para os quais os humanos também contribuíram grandemente - o mundo é dividido em 5 grandes regiões. Em cada uma delas vivem ordinários e singulares, pessoas com ambições completamente diferentes. Estes dominam o mundo. Aqueles tentam tão somente sobreviver. E ao viverem dessa forma, a bondade beira à extinção. O caos reina em seu lugar, despertando forças malignas que há muito esperam para serem alimentadas. A maior guerra de todos os tempos finalmente começa e a humanidade já se encontra em desvantagem. E em meio a tanto ódio e destruição, será o amor capaz de afastar as Sombras do Medo?
Sombras do Medo, escrito pela autora Camila Pelegrini, publicado pela Garcia Edizioni (com editora nova - nossa parceira Arwen - para uma 2ª edição), é um romance distópico nacional que aborda a precariedade de recursos naturais, egoísmo humano e um suspense bem interessante beirando o sobrenatural.

Anabele e sua mãe são ordinárias e, por isso, vivem ao redor de uma capital limitada por barreiras intransponíveis, trabalhando pelo precário próprio sustento e o dos singulares, que vivem na tranquila e esbanjadora capital. Habitantes da Terceira Região, a vida delas e dos outros ordinários não poderia ser mais dura. Todos eles são obrigados a trabalhar com os pouquíssimos recursos que restam, enviando a melhor parte para o sustento da capital, e recebendo em troca uma miséria como pagamento. Enquanto ordinários racionam água e comida, os singulares da capital fazem banquetes e vivem no luxo. A triste realidade ocorre desde o grande colapso do planeta, que no livro não é realmente explicado, apenas mencionado.
Você disse que dependemos das árvores para viver. E não vejo mais muitas delas. Quer dizer que haverá cada dia menos de nós também?”
Apesar das dificuldades, o círculo de Anabele é formado de pessoas solidárias e capazes de lutarem umas pelas outras. Além dos amigos de toda a vida, Henry, um forasteiro um tanto irritante, acaba marcando presença na vida Anabele. Há um certo mistério em torno dele, mas por alguma razão afastá-lo não é bem uma opção. O problema é que singulares e ordinários vêm sendo perturbados por pesadelos terríveis e desaparecimentos inexplicáveis após um estranho evento congelante. Alguma coisa horrível está levando as pessoas e deixando apenas um frio de gelar os ossos e pedaços de gelo pelo caminho. E é então que a situação fica assustadora.
(…) talvez os singulares estejam tentando mostrar de uma vez por todas que eles não somente mandam em todas as coisas do mundo como também direta e totalmente em nossas vidas.”
O livro é narrado em terceira pessoa, quase sempre com foco em Anabele. A princípio, percebem-se os elementos básicos de qualquer distopia: mundo pós-apocalíptico, governo mesquinho versus povo oprimido, personagens revolucionários que ainda não sabem a força que possuem, coisas horríveis acontecendo… enfim, cada detalhe muito comum ao tema. O que difere esta distopia, na verdade, acaba sendo um elemento surpresa (pelo menos para mim), que surge aos pouquinhos e dá um ar de ficção científica e sobrenatural bem assustador. O que está por trás dos desaparecimentos é algo realmente terrível, alimentado por uma das piores características do ser humano desde os primórdios. Não posso dizer o que é sem estragar a surpresa e, por isso, paro por aqui. Acho que basta dizer que toda a ação contida no livro (e tem bastante disso por aqui) é ligada a esses acontecimentos, que vão piorando a cada página e deixando uma apreensão daquelas no leitor.
Todos os desaparecimentos fizeram sentido. Mas todo o resto deixou de fazer.”
O enredo é bem agradável, pois é muito objetivo, dando ao leitor, inclusive, a oportunidade de conhecer dois lados de uma moeda, a princípio incompreensíveis entre si. Não há um grande aprofundamento nos sentimentos dos personagens, mas bastante clareza em suas atitudes, algo que ajudou muito na construção de uma história com um ótimo ritmo. Li o livro em uma noite.
Confesso que o que me chamou mais atenção a princípio foi a capa. Saber que se tratava de uma distopia foi a cereja do bolo. Não me decepcionei com a história, pelo contrário, acabei encontrando elementos que me agradaram inesperadamente. Leitura mais do que recomendada a todos que curtem distopias com uma boa dose de romance e crítica social.

16 comentários:

  1. Oi, xará! haha
    Fico feliz com a sua resenha :) Muito obrigada pela parceria, pelo cuidado em ler e escrever algo tão bacana. Adorei :)
    E que bom saber que vc é parceira da Arwen <3

    (falando nisso, a próxima edição vai ter mais aprofundamento nos sentimentos de alguns personagens, mas o motivo do colapso do mundo ainda não vai aparecer. Optei assim para que cada um que leia possa pensar nas suas próprias atitudes)
    Enfim, muito obrigada, Camilla!
    E seu blog tá lindo <3
    bjsss

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    1. Tenho certeza de que a nova edição virá ainda mais arrasadora. A Arwen manda muito bem, e a história já é tudo de bom, ne? :)

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  2. A Camila é um amor de pessoa e ler sua estória foi uma grande satisfação pra mim. Saber que alguém tão talentosa assim é também uma pessoa muito boa só acrescenta mais coisas boas ao livro.
    Fico muito feliz por ter parceria com ela e não vejo a hora de poder encontrá-la pessoalmente!

    Beijos
    www.ooutroladodaraposa.com.br

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  3. Primeiramente, queria dizer que essa capa é maravilhosa *--* Pela resenha, vi que a história é bastante sofrida. Eu amo distopia, é um dos meus gêneros favoritos, e eu adoraria ler esse livro. Sem falar que, além de distópico, ainda contém mistérios hahahah

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  4. Começando, quando li o título achei que seria algo bem mais diferente, alguma coisa de suspense, ou, talvez, princesas. Deparei-me com a trama do livro e me surpreendi bastante, uma estória pós-destruição, futurística, simplesmente demais. Lerei!

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    1. Princesas, eu ri :)
      pois é, a capa dá um ar bem conto de fadas mesmo, mas a história é bem distópica sim

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  5. A capa sem dúvida é muito atraente. Ainda não conhecia esse livro, mas despertou muito a minha curiosidade, assim como tema abordado na história, pois sou um apaixonada por distopias, principalmente com um enredo tão agradável.
    Adorei a resenha <3
    Bjs Camila!!

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  6. Fico com medo do futuro, cada vez mais os autores colocam futuros não tão felizes assim, para ser justa, cada vez mais colocam futuros distópicos em seus livros, isso é um pouco assustador, pois talvez, por alguma razão, um dia, eles podem realmente estar corretos.
    O livro parece interessante, me lembrou um pouco, pela situação das pessoas e a relação entre os "ordinários" e os "singulares", "Jogos Vorazes", mas acho que é até comum você identificar essas caractéristicas em livros de distopia.
    Eu achei o enredo curioso, e, para ser sincera, depois de ler que: "Todos os desaparecimentos fizeram sentido. Mas todo o resto deixou de fazer”, eu leria esse livro todinho só para entender como se chegou a essa conclusão,
    Mais um adicionado a minha lista :) !!

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  7. Oie
    Já tinha visto esse livros mas sempre achei que se tratava de um romance sobrenatural ou algo assim,nunca imaginei que fosse uma distopia.Eu gostei desse misterio das crianças que vão desaparecendo e nem consigo imaginar o que pode estar por trás disso.Só não entendi se ele é único ou vai haver uma continuação como a maioria das distopias.

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  8. Inicialmente a capa desse livro me chamou muito a atenção, sua resenha está muito boa, fiquei bem curiosa com a história se passar em um período pós destruição, fiquei bem curiosa.
    Adicionei em minha lista de leituras.

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