A todas as mães do mundo...

Nós sabemos que o dia das mães é todo dia. Sabemos que mãe, aquela que nos cria, ama incondicionalmente, persegue e manda levar o casaco porque vai esfriar, é a criatura mais incompreendida do mundo. A grande verdade é que ninguém nunca sabe o que ela sente ou, sequer compreende como consegue sofrer tanto por alguém, mesmo após quarenta e tantos anos desde o nascimento do guri. Mãe ama demais, se aborrece ainda mais... filho não entende, dá trabalho demais... enfim, que relação esquisita é essa? Prometo não ser clichê. Vem comigo :)

Eu não sei vocês, mas já passei bons bocados com a minha, e não mudaria nada (só seria mais boazinha entre os doze e os dezoito anos). Já brigamos, ignoramos uma à outra, ficamos com "raivinha" (se ela ler isso, vai negar), fizemos as pazes sem pedir desculpas, fomos amigas, confidentes, confabulamos, planejamos... ai, é de perder a conta. Minha mãe é linda e carinhosa, de um jeito só dela. Ela criou dois filhos e ainda é superprotetora com seus eternos bebês. 
Se eu tivesse que escolher uma só palavra para descrevê-la seria sorriso. Por que sorriso? Porque ela quase sempre foi o motivo dos maiores e mais barulhentos sorrisos que eu e meu irmão abrimos. Papai também tem seu crédito, claro, mas a homenagem de hoje é para ela. Mamãe trabalhou dois turnos para segurar as pontas enquanto papai enfrentava aquela barra chamada "estudar para concurso" e, depois, quando ele estava vencendo a 2680 quilômetros de casa. Os dois foram incríveis, impossível negar. Sentimos aquela saudade terrível enquanto ele estava longe, mas tudo só foi suportável porque ela estava lá, amando e sendo paciente. Mamãe não me deixou sair de casa para fazer faculdade no Rio. Eu reclamei, debochei... mas hoje agradeço e ela sabe o porquê, afinal eu não estaria onde, e com quem, estou hoje se não tivesse ficado. Foi tudo culpa dela. E, sim, obrigada, mãe. Seus conselhos tanto me irritaram, e eu precisava cair para aprender. Foi ruim. Foi horrível, na verdade, mas ela estava lá, mesmo que arrasada por dentro. Nós superamos, eu acho. Estamos aqui, não é?
Eu quero vê-la bem velhinha, linda como sempre será, fazendo suas piadinhas toscas, gritando pelo Botafogo, reclamando das camisas do meu pai espalhadas pela casa, acordando meu irmão de manhã com um copo d'água (porque certas coisas nunca mudam). Eu quero, sim, que ela estrague seus netinhos com todo o amor que ela sempre soube me dar; e quero, sim, que ela seja eterna. Só mais uma pessoa neste mundo sabe o que é ter a minha mãe e tenho certeza de que ele vai concordar com tudo o que eu disse.
Para finalizar, quero deixar um texto que escrevi há algum tempo e que faz todo sentido estar aqui hoje. Ele também está disponível no Wattpad, e foi inspirado por uma situação vivida por uma mãe que não era a minha, mas merecia, mais do que nunca, ouvir isso de um filho. Todo bom e amado filho deve pensar isso mesmo, ainda que não traduza em palavras. Espero que gostem, especialmente as tantas mamães por aí.

Seguir a luz

Seu primeiro pensamento o leva a acreditar que não há outro lugar no mundo em que queira estar.
Saber que está ali, que toda a árdua produção o levara àquele momento, é algo impensável.
Mas ele pensa, porque está destinado a isto.
É um calor inumano, puro, natural.
Estar ali é como flutuar no infinito, mantendo a sensação única de leveza e perfeição.
Divino.
Mas então vem aquele sentimento de mundo.
Ele sente a angústia, a dor, a indiferença, o medo, e, às vezes, a morte.
Mas também sente o contentamento descontente, o sentimento inexplicável que só ela conhece, a sensação de ser o ser mais importante do mundo para alguém.
Ele é capaz de sentir tudo, até os mais secretos ânimos.
E, então, vem a tão esperada evolução.
Alguns chamam de milagre, outros perpetuação.
A verdade é que ele quer estar ali para sempre, não importa como o chamem.
Ele se apega ao toque úmido e, aos poucos, sem perceber, começa a entender que aquele toque é o poder.
Ele ouve aquele som.
É um som que não agrada a todos e, talvez, só vá agradar a ele, mas ainda assim acha que é o som mais maravilhoso que poderia existir.
Existem outros sons, mas nenhum soa como aquele.
É como se estivesse dentro de sua própria mente.
Quase como se fosse feito para acalmá-lo.
Ah, se ele pudesse sorrir agora!
Incontáveis segundos se passam, mas ele nunca os conta até que percebe que algo está mudando.
Uma necessidade incontrolável de se mover, o que vai além do impulso nas paredes quentes, tão familiares, que o cercam.
Em pouco tempo, ele se move tanto que custa a perceber a angústia que ela sente.
Ele não quer que ela sofra.
Tampouco quer que as coisas mudem.
Mas elas mudam, e de repente, a escuridão firme e segura desaparece, dando espaço ao brilho assustador do fim do túnel.
Não, ninguém jamais quer seguir a luz no fim do túnel.
Mas segue assim mesmo, porque isto faz parte de algo que nem mesmo ele, em toda a sua pureza e perfeição, pode compreender.
Mais do que o frio que vem com a luz, ele sente a enorme vontade de se agarrar a alguma coisa.
E faria qualquer coisa para ficar.
Mas eles cortam seus laços físicos e tudo o que ele consegue fazer é gritar, com todas as suas forças.
E se apegar à tênue escuridão que seus olhos ainda lhe permitem desfrutar.
Ele não precisa ver para saber que um novo e, ao mesmo tempo, familiar, toque encontra seus sentidos.
De uma forma diferente, ele sente a calma voltar.
Não é perfeita, pois agora aquele sentimento de mundo desapareceu, restando apenas o seu próprio.
Mas ele ainda sente aquele amor, que brota da sua respiração.
Ele nem mesmo sabe como se chama aquilo que, no futuro, ele tanto vai amar, mas já sabe o que é um sorriso, mesmo de olhos fechados.
Ainda sente a falta daquele calor de antes, mas o novo é melhor do que nenhum.
Ele descobre alguns detalhes a respeito de sua nova vida, mas nada importa, desde que possa sentir aquele calor.
Não existe a lei do desapego onde ele está agora.
E não existirá, por um bom tempo, se ela puder evitar.
E, por mais estranho que possa parecer, ele descobrirá, em breve, que para ela, não só o seu sorriso, mas também o som que ele pode emitir, será o mais importante de todo o universo.
No fundo, ela também sabe que nunca ninguém se sentiu tão bem com o som da sua voz.
Mas ela vai sofrer.
Às vezes sozinha.
Às vezes com ele.
E tudo porque, para ela, o desapego jamais irá chegar.
Não quando isso significar desapegar-se de algo ligado a ele, seu pedacinho de céu.
E este é o sentimento de alguém que nunca foi mãe.
Como poderia saber?
É o sentimento de alguém que é filho e, inevitavelmente, viveu tudo isto.

9 comentários:

  1. Mãe é mãe né? É nelas que vamos correr quando tudo está dando errado ou para contar algo bom.
    Não tem nada mais gostoso do que aquele abraço e a sua mãe te consolando que as coisas vão ficar tudo bem. É até complicado conseguir explicar em palavras esse amor.
    :)
    Sua mãe é Botafoguense? Que linda! hehehe *-*
    Beeijos

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    Respostas
    1. Mãe que é mãe é assim, ne?
      Bia, somos 3 botafoguenses, minha mãe, irmão e eu, mas ela é a fanática. Só vendo, haha!

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  2. É filhota,se queria me ver chorar....Não viu...Hehehehe. ..Mas quase matou a velha!

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  3. Que linda homenagem! É muito lindo amor de mãe, amo muito a minha! Feliz dia das mães atrasado, rs.

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  4. Ah que lindo... até minha mae leu... ela achou lindo e disse que você sabe como fazer alguém se emocionar!

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  5. Owt menina que fofo.
    Deve ser maravilhoso pra sua mãe ter uma filha como você.
    Pena que nem todos tem a sorte de ter uma mãe tão maravilhosa heim?!

    E se eu pudesse não teria ignorado tanto a minha durante os meus 14/15 anos ha, ha. Acho que todos, como filhos acabamos fazendo isso em um momento né?!

    Inquietudes Secretas

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  6. Aí que linda homenagem às mães!
    Não tinha lido na época do dia das maes. Mas com certeza elas merecem agradecimentos diários e nosso amor sincero!

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