Se
Eu Ficar, filme dirigido por R. J. Cutler e lançado nos cinemas em
agosto, é uma adaptação do livro homônimo (If I Stay) escrito por
Gayle Forman. Li o livro há tempos, embora este só tenha ganhado
notoriedade há poucos meses. No Brasil, foi publicado pela Rocco há
alguns anos e pela Novo Conceito há alguns meses, ou seja, há duas
publicações com capas distintas e, particularmente, costumo achar
as de pôster de filme muito sensacionalistas. Neste caso, prefiro a
edição mais antiga. Estou
aqui para falar do filme e não do livro, portanto vamos ao que
interessa. É claro que eu não poderia deixar de comparar a
adaptação com o livro, cujo enredo é extremamente marcante, mas
ainda assim, procurei visualizar uma nova história enquanto assistia
ao filme. Já fazem algumas semanas desde que assisti (acho que foi
na segunda semana de estreia), mas só agora consegui reunir as
ideias e condensá-las nesse texto.
Mia Hall (Chlöe Grace Moretz) é uma prodigiosa musicista que vive a dúvida de ter que decidir entre a dedicação integral à carreira na famosa escola Julliard e aquele que tem tudo para ser o grande amor de sua vida, Adam (Jamie Blackley). Após sofrer um grave acidente de carro, a jovem perde a família e fica à beira da morte. Em coma, ela reflete sobre o passado e sobre o futuro que pode ter, caso sobreviva.
Basicamente, Mia vive uma vida
tranquila, com uma família unida, um namorado dedicado e um notável
talento. Prestes a se formar no Ensino Médio, ela tem sua atenção
voltada para seu futuro acadêmico, neste caso, como musicista, já
que se mostra extremamente talentosa com o belo violoncelo. Ela é
humilde a ponto de acreditar que só talento não basta e, por isso,
precisa praticar e buscar forças para encarar as grandes provações
que estão por vir. Ela só não imagina que a maior provação de
toda sua vida virá em um simples e pacato Snowday (Dia de
Neve).
Após um terrível acidente, ela se vê
presa a uma realidade devastadora: pode ver e ouvir tudo a sua volta,
mas ninguém pode vê-la, ouvi-la ou mesmo senti-la. Sozinha e, ao
mesmo tempo, rodeada de amigos e desconhecidos, tudo o que ela tem
são os flashes de vários momentos de sua vida. Assim como no
livro, muitos desses flashes são seus encontros com Adam, seu
namorado aspirante a astro do rock, mas não apenas isso, sua vida em
família e seus planos. A partir de agora, tudo é muito triste.
Chloe Moretz dá vida a Mia agindo da
mesma forma que em Carrie, a estranha, algo que me incomodou
bastante. Sei que ela é uma boa atriz (e uma das mais promissoras),
mas não consegui simpatizar com sua personagem como deveria. Também
não gostei do enfoque romântico ao extremo dado ao filme, pois para
mim, o ponto principal da história é a perda, e não o romance. Eu
sei que há um namoro bonitinho entre dois adolescentes que, de
formas diferentes, pretendem viver da música, só acho que a
essência da história ainda é a parte da família, algo que poderia
ter sido melhor explorado na adaptação, soando mais convincente ao
final.
Em geral, as atuações são boas, sem
extravagâncias. A fotografia, honestamente, se saiu muito bem,
mostrando toda a frieza e o cinza, desde o acidente até os
flashbacks. A trilha sonora conta com famosas composições
clássicas, mas nem só disso vive Mia, filha e namorada de
roqueiros...
A maior crítica que posso fazer é a
respeito do ritmo da história. O filme deveria apresentar, sim, um
alto teor de melancolia, diálogos curtos e fortes e, cenas de apelo
emocional. Infelizmente, a lentidão de algumas cenas acaba deixando
tudo um pouco chato e repetitivo, especialmente os flashbacks
românticos. Apesar disso, o filme cumpre com a missão de emocionar,
especialmente nas cenas envolvendo Teddy, o irmão menor de Mia.
Ainda assim, eu queria mais emoção.
Por favor, gostaria que não
comparassem a história deste com A Culpa é das Estrelas, pois além
de tratarem situações distintas, ambos foram escritos e divulgados
em momentos diferentes, sendo que Se Eu Ficar foi escrito ainda há
mais tempo, embora a produção cinematográfica tenha sido um claro
aproveitamento do sucesso das atuais adaptações voltadas ao público
adolescente.
O filme vale a pena pela temática,
pois serve de alerta, não para evitar a situação, que obviamente é
inevitável, mas para nos abrir os olhos para o quanto a vida é
curta e frágil, especialmente a de quem amamos, afinal, ninguém
gostaria de ficar se não houvesse com quem estar. E esta é a
lição.
Percebo agora que morrer é fácil, a vida é difícil. |
Se Eu Ficar (If I Stay) - 2014
Elenco:
Chloë Grace Moretz como Mia Hall
Mireille Enos como Kat Hall
Joshua Leonard como Denny Hall
Stacy Keach como Avô
Lauren Lee Smith como Willow
Liana Liberato como Kim Schein
Jamie Blackley como Adam Wilde
Aliyah O'Brien como EMT
Jakob Davies como Teddy Hall
Andre Holanda como Austin Kerma
Oi Camilla. Acredito que foquem o romance no filme por causa do grande público que vai assisti-lo. Com certeza muitas adolescentes foram, e aí acabam priorizando a história de amor. O que concordo com você que é uma grande pena, porque faz com que o filme perca sua essência e a verdadeira mensagem que quer passar. Se o drama familiar é jogado para segundo plano ele simplesmente será esquecido. Tomara que o cinema aprenda a dar importância nessas adaptações as mensagens que essas obras realmente querem passar, e não apenas a se preocuparem em ganharem dinheiro.
ResponderExcluirLaplace Cavalcanti
Autor de A Página Certa
www.laplacecavalcanti.com
Exato :)
ExcluirNão sabia que o livro não é recente. Interessante, ainda não li ele, então não posso falar nada a respeito. Agora o filme deixou a desejar, na minha opinião. Pode ser que não estava em um bom dia. Me emocionei em uma cena e só, achei o relacionamento dela com o Adam meio forçado, não sei se no livro é diferente. Concordo que algumas cenas fizeram o filme ser repetitivo e até cansativo.
ResponderExcluirAham! Podia ser melhor :)
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