O
primeiro livro de John Green, autor do queridíssimo A Culpa é das
Estrelas, é também um livro marcante e cheio de interrogações. A
edição que tenho é a da capa preta (que, particularmente, acho a
mais bonita), publicada pela Martins Fontes.
Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras que, cansado de sua vidinha pacata e sem graça em casa, vai estudar num colégio interno à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o "Grande Talvez". Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young, uma garota inteligente, espirituosa, problemática e extremamente sensual, que o levará para o seu labirinto e o catapultará em direção ao "Grande Talvez".
Antes
de qualquer coisa, mais uma vez eu digo: nada de superestimar um
livro! Quem é você, Alasca?, pode ser tudo, menos fofo. Não estou
dizendo isso negativamente. É um livro muito bom, que abusa da
intensidade adolescente para tocar...bem...adolescentes. O que quero
dizer é que me identifiquei muito com o livro, especialmente com o
Miles (e daí que sou menina?), mas convenhamos toda aquela
intensidade de sentimentos é algo muito típico da idade e não
torna os fatos mais bonitos.
“É por isso que estou indo embora. Para não ter de esperar a morte para procurar o Grande Talvez.”
“Se o Coronel pensava que me chamar de amigo ia me fazer ficar do lado dele, bem, ele estava certo.”
Enquanto
Miles, com toda sua personalidade introspectiva, pensa demais e não
age, Alasca, a garota furacão, é só atitude e reflexões
filosoficamente exageradas. Nada mal. John Green acertou em cheio ao
descrever personalidades tão antagônicas e perfeitas juntas. A
estada de Miles no novo colégio tinha tudo para dar errado,
especialmente ao se envolver com pessoas tão, erroneamente, legais.
Enfim. As coisas ficavam cada vez mais interessantes para ele e seus
novos amigos, enquanto uma nova forma de ver a vida desabrochava.
Trotes, bebidas, cigarro, dentre outras coisas, tornaram a
experiência de Miles uma loucura, com a adrenalina típica do
esconde-esconde das crianças e, repleta da ânsia da juventude. Se
eu tivesse que descrever o livro em uma palavra, diria intenso. Não
intenso como um drama interminável, mas como um desespero
momentâneo.
“Não aconteceu nada. Mas o sofrimento está sempre presente, Gordo. Dever de casa, malária, o namorado que mora longe quando você tem um garoto bonito deitado ao seu lado. O sofrimento é universal.”
“... se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão.”
“Mas que diabos significa instantâneo? Nada é instantâneo. Arroz instantâneo leva cinco minutos, pudim instantâneo uma hora. Duvido que um instante de dor intensa pareça instantâneo.”
Se
me perguntarem do que mais gostei, diria que das datas. Tenho mania
de olhar a data da primeira publicação de um livro, para saber em
que época da minha vida terei que retornar no tempo. Para minha
surpresa, Quem é você, Alasca?, é de 2005 e, adivinhe só, eu
tinha a mesma idade que os personagens, na mesma época. Ainda bem
que não conheci o livro antes. Sabe aquela história de “Deus não
dá asas à cobra”? Então... outra coisa legal é o hobbie do
Miles. Ele coleciona últimas palavras, ou seja, seus livros
preferidos são biografias, especialmente aquelas que contam quais
foram as últimas palavras ditas pelo biografado. Bem diferente, não?
Trata-se
de um livro sobre amizade, amor e descoberta. Uma ótima dica para
quem quer rir e chorar um pouquinho, lembrando daquela época
difícil, ou não. Pode, e deve, ser lido em qualquer momento, com
qualquer estado de espírito. Além disso, é um livro quase pequeno,
com 226 páginas.
“Quando os adultos dizem: 'Os adolescentes se acham invencíveis”, com aquele sorriso malicioso e idiota estampado na cara, eles não sabem quanto estão certos.(...) Pensamos que somos invencíveis porque realmente somos.”
O livro é bem intenso, sim, do começo ao fim.
ResponderExcluirAs datas me chamaram muita atenção também, tenho um certo problema com cronologia, tanto que em alguns livros eu até tento voltar alguns capítulos pra ver quantos dias se passaram desde o último acontecimento Hahaha
Gostei bastante da resenha, parabéns!
Abraços,
Lucas Fagundes - http://claqueteliteraria.blogspot.com.br/
Por mais que eu goste do John Gree, tenho um pé atrás com a maioria dos livros dele. Sabe, essa coisa que todo mundo ama todos os livros que ele escreve me deixa meio duvidoso. Sempre penso "será que é tão bom assim?", tanto que até hoje só li A Culpa É Das Estrelas mesmo. Pretendo ler Quem É Você Alasca? logo, mas passo alguns outros na frente. Depois da sua resenha, subi o livro na lista de prioridades, não havia lido sobre essa coisa das datas em resenha nenhuma até hoje, e isso chamou a minha atenção.
ResponderExcluirÓtima resenha!
Abraços,
Biblioteca Esmeralda
Então, comprei o Cidades de Papel empolgada baseando minha escolha, fundamentalmente, no fato de ter amado o A Culpa é das Estrelas, mas agarrei a leitura na pág 100. A trama se desenvolve de maneira muito lenta. E achei a temática adolescente demais para o meu gosto.
ResponderExcluirQuase comprei o Quem é Você Alasca, porém; agora estou com um pé atrás.
Beijos, Camila