Resenha: A Culpa é das Estrelas, de John Green

O burburinho começou há cerca de um ano, quando minha timeline não literária se encheu de citações e comentários românticos sobre um tal de A Culpa é das Estrelas. Na época, percebi que a faixa etária de leitores do tal livro não passava dos quinze anos, o que me fez pensar: o que, diabos, tem nesse livro? Como fã de distopias e sobrenatural, o livro de John Green, até então, desconhecido para mim, não poderia ser menos atraente. Sick Lit são tristes, melancólicos e sem propósito algum, especialmente quando o assunto em pauta é a morte eminente. Ok, ok. Esqueça tudo o que eu disse. A Culpa é das Estrelas (ACEDE) não é nada assim. É uma história linda, com personagens maravilhosos, na qual melancolia se transforma em sorrisos e do drama nasce um amor verdadeiro.

A culpa é das estrelas narra o romance de dois adolescentes que se conhecem (e se apaixonam) em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer: Hazel, uma jovem de dezesseis anos que sobrevive graças a uma droga revolucionária que detém a metástase em seus pulmões, e Augustus Waters, de dezessete, ex-jogador de basquete que perdeu a perna para o osteosarcoma. Como Hazel, Gus é inteligente, tem ótimo senso de humor e gosta de brincar com os clichês do mundo do câncer - a principal arma dos dois para enfrentar a doença que lentamente drena a vida das pessoas.
Inspirador, corajoso, irreverente e brutal, A culpa é das estrelas é a obra mais ambiciosa e emocionante de John Green, sobre a alegria e a tragédia que é viver e amar.

Então, a Hazel pode parecer um pouco mal humorada, a princípio, e bem, talvez até seja, embora ainda ache que é apenas mal compreendida. Dê-lhe um desconto. A garota está muito ocupada Tendo Câncer! É o que ela costuma dizer. Sua vida andava um pouco parada demais, frequentando algumas aulas na faculdade e lendo, mais uma e outra vez, o romance Uma Aflição Imperial, até ser forçada a comparecer ao Grupo de Apoio e conhecer Augustus.

Augustus, ou Gus, é o típico garoto irreverente e perfeito (não, a Hazel não acha ele perfeito, só para você saber!), que perdeu uma perna para o câncer e quer ser inesquecível, marcando presença onde quer que vá. Juntos, focados em tudo o que têm em comum, os dois formam uma dupla com cérebros muito saudáveis e perspicazes. Claro que, mais do que uma dupla, eles também formam um casal, e dos mais fofos sobre os quais já li.

Tem muita história para pouca página e, eu diria que esta daria uma boa metáfora. É estranho pensar na morte, mas parece comum para quem enfrenta uma doença grave e terminal. Soa triste, doloroso e desesperançoso, especialmente quando se trata de pessoas tão jovens. Felizmente, existe vida antes da morte e, tudo passa a ser uma questão de perspectiva. Estatísticas, milagres, curas, números... tudo não passa de balela. No fim, as pessoas sempre vão dizer que você lutou bravamente e blá, blá, blá, mesmo que você tenha sido um grande mala na vida daqueles que cuidaram de você. É, com tais pensamentos, Hazel e Gus não são os personagens que eu esperava. São, infinitamente, melhores.

Trata-se de um livro O.K., com personagens O.K. e, acredite, O.K. ganhará um significado novo e emocionante após ACEDE. Destaquei mais quotes do que poderia citar por aqui, mas honestamente, não posso citar nenhum sem que soe clichê, então não vou citar. Alguns infinitos são mesmo maiores que outros e, a quantidade de trechos incríveis a se destacar é incontável demais para alguém que não quer lidar com acusações de spoiler.

Ainda estou surpresa por descobrir que ACEDE não é um sick lit para derrubar lágrimas. Eu sorri o tempo todo, e terminei com um simples palavrão. Cada um vê a vida do jeito que quer, ou pode.