Resenha tripla da série Jogos Vorazes, de Suzanne Collins



Sei que existem milhares de resenhas sobre a série The Hunger Games, mas acho que, sendo esta uma das minhas séries mais queridas, não posso deixar de expressar minhas impressões a respeito, ainda que sucinta. Para começar, a série é uma trilogia publicada no Brasil pela editora Rocco, sendo que os três livros já foram lançados. 

 
Acho muito difícil resenhar um livro ou série que gosto muito porque fico com a impressão de que não estou sendo imparcial. Jogos Vorazes foi uma surpresa maravilhosa para minha pessoa literária, que não fazia ideia da dimensão que a história tomaria em meu coração (own!). A verdade é que eu não conhecia a série até o final de 2011, quando tomei conhecimento de que minha popcountrystar favorita estava escrevendo músicas para o filme adaptado do livro. Só então procurei os livros, ficando satisfeita em saber que os três já haviam sido lançados, e desde então me tornei fã. Graças à trilogia, descobri que meu gosto favorito é a distopia.
Em Jogos Vorazes, primeiro volume, conhecemos Katniss, que também é a narradora da história, do início ao fim. O mundo já entrou em colapso e onde antes era a América do Norte, hoje é uma nação chamada Panem, liderada por um presidente ditador e subdividida em doze distritos. Katniss Everdeen vive no distrito doze, também responsável pela mineração de carvão e lugar de muita escassez de recursos e pobreza. Katniss mora com a mãe e a irmã, sendo que desde a morte do pai, assumiu a missão de caçar para sustentar a família. Todos os anos, a Capital organiza uma nova edição dos chamados Jogos Vorazes, cujas regras indicam um sorteio de um garoto e uma garota de cada distrito, de idades entre doze e dezoito anos, chamados tributos, enviando-os a uma arena ao estilo Big Brother para lutarem até a morte, devendo restar com vida um único vitorioso. Os tais jogos seriam uma resposta do governo a antigas revoltas, provando o poder da Capital sobre seus distritos impotentes. Katniss tem um amor muito grande pela irmãzinha, Prim, e por isso, acaba se voluntariando para os jogos vorazes no lugar de Prim, que é a menina sorteada do distrito. Assim, Katniss segue rumo à arena, ao lado de um garoto muito especial, Peeta Mellark. Daí em diante, muita tensão, medo, sofrimento, dor e decisões complicadas. O final, minimizando o possível de spoilers, (se pretende ler a série e não quer saber mais nada, pare por aqui agora, pois o segundo livro solta spoilers sobre o primeiro...) é apenas o começo de uma nova saga para Katniss e Peeta.
O segundo volume, Em Chamas, não é tão bom, em termos de ação, quanto o primeiro. A história de complica bastante, pois agora Katniss está na mira do presidente por ter incitado possíveis levantes em alguns distritos, graças à sua performance nos jogos. Com o aniversário de 75 anos da derrota dos distritos pela Capital, é anunciado o Massacre Quaternário, situação que de 25 em 25 anos promove a alteração dos tópicos dos jogos vorazes, e desta vez, os tributos serão sorteados entre os vitoriosos dos 74 jogos anteriores. Não é surpresa que Katniss, por ser a única vitoriosa que seu distrito já teve está, automaticamente, escolhida. Peeta mantém sua posição e se mostra ainda mais devotado por seu amor. Ele se voluntaria, no lugar do mentor Haymitch, e volta à arena ao lado de Katniss. Novos personagens surgem e mostram-se importantes para a continuidade da saga. Basicamente, a grande sacada de Em Chamas, é o final, que surpreende com uma reviravolta aterrorizante para nossos personagens, e para nós, claro.
A sequência e último livro, A Esperança, se inicia com uma Katniss robótica e sombria, que decide aceitar seu papel simbólico na revolução em troca da possibilidade de sobreviver ao turbilhão de sentimentos e reações que lhe persegue. Peeta é refém na Capital e são poucas as esperanças de encontrá-lo com vida. Para mim, a parte mais dolorida do livro engloba o momento em que Peeta retorna e as decisões tomadas em seguida. Tudo é uma surpresa. Os acontecimentos são todos imprevisíveis e a perda de personagens tão queridos é inevitável. A Esperança está recheado de dor e incerteza. Enquanto eles lutam pela sobrevivência, é impossível visualizar quaisquer perspectivas positivas. Confesso que depressão é um dos sintomas desenvolvidos pelo leitor através das páginas e a leitura não é recomendada para aqueles que esperam unicórnios e finais felizes.
O que me encanta na trilogia é o brilhantismo de Suzanne na abordagem de temas polêmicos, imagináveis, absurdos e bizarros que, ao mesmo tempo, são tão reais e presentes no mundo de hoje. Vejo uma forte crítica ao que os meios de comunicação transmitem, acima de tudo. O governo e a mídia de Panem emitem o sinal que lhes é oportuno, a arena é projetada sob o prisma do Big Brother (não o programa de TV estúpido, mas a concepção literária e fictícia encontrada na obra de George Orwell, que destaca a vida cercada por câmeras e observada/controlada pelo Estado). As pessoas da Capital não fazem ideia da vida miserável que os moradores dos distritos são forçados a viver e se contentam em assistir, de forma fanática, às edições dos jogos vorazes. Na falta do que inventar, os ricos e fúteis moradores da Capital têm uma forma bizarra e grotesca de se expressar visualmente. A moda é estranha, colorida e baseada em cirurgias plásticas absurdas, a ponto de algumas pessoas aparentarem o visual de animais, com bigodinhos de felinos e tudo!
Quem viu o filme teve uma impressão meio distorcida das ideias do livro, acredito eu. A produção foi boa, em geral, mas também senti falta de um detalhamento, de um repasse de emoções. A fantástica Jennifer Lawrence não atuou sem emoção ou algo assim, mas a personagem Katniss Everdeen foi retratada como uma garota passiva e sem opinião, coisas que são explicadas no livro pela própria personagem. Eu diria que isto nada tem a ver com a atuação de J.Law, mas com uma falha na adaptação do roteiro, visto que o livro é narrado em primeira pessoa, logo os mecanismos deveriam seguir o padrão para tal. Não estou dizendo que Katniss não é o que é mostrado no filme, mas sim que ela age daquela forma motivada por razões que só seus pensamentos podem justificar.
Quanto ao que menos gostei na série, preciso dizer que foi da tentativa desnecessária e clichê de se formar um triângulo. Odeio triângulos, mas parece que os autores têm essa preferência por criar casos e dramas em volta de uma personagem que é superamada. Em alguns casos, até funciona, mas neste não dá para engolir. Gale não provoca qualquer empatia e não tem a presença que seu personagem sugere, logo, para mim, ele só serve para tumultuar e enrolar a história, plantando uma pequena dúvida no coração das leitoras mais românticas e semeando a raiva nas leitoras que acreditam em romances sérios e convictos. Ignoro tanto o personagem que nem o citei nas sinopses anteriores, mas ele comprova o meu ponto na parte final de A Esperança.
Jogos Vorazes e suas sequências estão entre os melhores que já li. Sou uma grande fã de distopias e, logo, suspeita para falar, mas a série é um fenômeno da literatura jovem. Bem escrito e criativo, prometendo fortes emoções e despertando o senso crítico, Jogos Vorazes abre as portas para um mundo de possibilidades na literatura inventiva e atual. A saga dos amantes desafortunados já teve seu fim publicado, mas as consequências não cessaram. Ainda ouviremos muito, graças à “síndrome das modinhas adolescentes” e à superprodução cinematográfica que mal começou (modo de dizer, pois ainda temos dois filmes pela frente...) e já mostrou a que veio.

2 comentários:

  1. Essa trilogia é perfeita e sua resenha ficou muito bem escrita, parabéns!

    Abraços, Anderson Vidal
    Hooked for Books

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  2. Oi Camilla!

    Essa trilogia não me conquistou.
    Li o primeiro livro e não tive vontade de ler os outros.

    Mas adorei a sua mega resenha! :p
    E não precisa ser imparcial! Muito pelo contrário... Uma boa resenha é aquela onde o leitor expõe a sua opinião sobre a obra. :)

    Beijos!

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