A Dança da Floresta, de Juliet Marillier

Esta é uma história mágica, que transita entre um mundo mítico e um castelo na Transilvânia... Jena, uma garota de 16 anos, seu sapinho de estimação Gogu e suas quatro irmãs guardam um segredo: desde pequeninas, em toda noite de Lua Cheia, fazem sombras com as mãos contra uma pedra, abrindo um misterioso portal para uma floresta mágica, onde dançam com encantadoras e bizarras criaturas fantásticas. Porém, elas não imaginavam que suas vidas mudariam drasticamente: o pai adoece e, por recomendações médicas, vai para uma região onde o inverno é mais ameno. Jena e sua irmã Tati ficam encarregadas de cuidar dos negócios da família no castelo Piscul Dracului. As coisas vão bem até que um trágico acidente deixa tudo fora de controle. Para piorar, sua irmã se apaixonara por uma das misteriosas criaturas da Clareira Dançante da floresta...

O título transmite uma ideia diferente do que realmente pode ser o livro. Wildwood Dancing, publicado pela editora Prumo com o título A Dança da Floresta, é uma narrativa meiga e encantadora, cheia de surpresas e magia. Não curto muito a capa e o título, mas a leitura é muito gostosa e surpreendente.

Cada descrição ambiental transmite uma magia fora do comum. Apaixonada pela cultura celta, não esperava que a assustadora Transilvânia poderia ser palco de tanta magia e lar de criaturas incríveis, o que segue muito além dos famosos vampiros. Os personagens são simples, Jena, por exemplo, só está um pouco à frente do tempo por se importar com as finanças da família, ao invés de pensar apenas em vestidos ou outras coisas das mulheres da época.

A floresta é como um refúgio para as irmãs. Quando atravessam o portal, os problemas ficam no castelo e só o que elas se lembram é de alegria e muita dança, ao lado de criaturas fantásticas. Contudo, o lado mágico do portal também tem suas regras e a punição será severa se não forem cumpridas. Assim, para evitar que sejam proibidas de voltar àquelas terras mágicas, elas fazem de tudo para se manterem unidas e sem causar encrencas. As coisas se complicam quando Tati, a irmã mais velha, se apaixona por uma das criaturas mais misteriosas que rondam a floresta. Ele não é bem uma criatura, mas um Ser da Noite e pode trazer a desgraça de Tati, o que deixa as irmãs bastante preocupadas.

Jena tem um sapo de estimação, que parece nutrir por ela um carinho muito especial, embora ninguém acredite que ela pode conversar com o bichinho. Gogu, o sapo, está com ela desde que era menina, quando o encontrou à beira de um lago muito sinistro da região. A partir de determinado ponto da leitura, passei a sentir uma leve desconfiança a respeito de pequenos detalhes a respeito de Gogu, mas foi quase no final que constatei que minhas suspeitas tinham fundamento e o que se desvenda é muito bonitinho.

Ao passo que se esforça para cuidar da propriedade enquanto o pai está fora, Jena passa a ter problemas no relacionamento com o primo Cezar, que se torna tirano e passa a demonstrar sentimentos não correspondidos por ela. Ele começa a cercar as primas, pois desconfia de algo, o que torna difícil as viagens pelo portal.

É tudo muito bem desencadeado, e um pouco triste também, já que é possível sentir pela decadência de alguns personagens cuja situação não pode ser revertida. Jena também se torna um pouco irritante em determinado momento devido a uma descoberta maravilhosa, mas em geral lida bem com responsabilidades. Achei que Tati poderia ser um pouco mais forte, ao invés de agir feito uma garotinha demente. Não é a toa que Paula, outra irmã, terá sua própria história contada no segundo livro da série, O Segredo de Cybele.

A Dança da Floresta é, certamente, um livro surpreendente. Vale a pena cada minuto gasto lendo suas páginas e esperando pelo próximo toque mágico de um conto de fadas qualquer. A história tem um pouco de tudo: mistério, magia, romance e aventura. Não o considero um livro de menininha, apesar de ser doce, é muito diferente para ser comparado e, infelizmente, muito pouco conhecido.