Resenha: Zac & Mia – A.J.Betts


A última pessoa que Zac esperava encontrar em seu quarto de hospital era uma garota como Mia - bonita, irritante, mal-humorada e com um gosto musical duvidoso. No mundo real, ele nunca poderia ser amigo de uma pessoa como ela. Mas no hospital as regras são diferentes. Uma batida na parede do seu quarto se transforma em uma amizade surpreendente. Será que Mia precisa de Zac? Será que Zac precisa de Mia? Será que eles precisam tanto um do outro? Contada sob a perspectiva de ambos, Zac e Mia é a história tocante de dois adolescentes comuns em circunstâncias extraordinárias.

Zac & Mia, escrito por A.J.Betts e publicado pela Editora Novo Conceito, é um romance australiano do gênero sick-lit, com boas pegadas de humor e um tanto de perseverança. O livro foi lançado no segundo semestre deste ano e, ao contrário do que possa sugerir o gênero, tem mais bons momentos do que tristes.

Zac está se recuperando de um longo tratamento contra uma doença feroz em seu sangue. Ele está confinado em um quarto de hospital e tudo o que pode fazer é prestar atenção no que acontece no mundo lá fora, mesmo que esse mundo seja apenas o quarto ao lado. Mia, por outro lado, acaba de chegar no tal quarto ao lado e saber que aquele será seu ambiente pelos próximos meses provoca muito mais que os típicos ataques de garota adolescente. Mesmo sem ter nada em comum, e após vários mal-entendidos, algo parecido com uma amizade surge entre os dois. É claro que cada um está lidando com seus próprios problemas, mas saber que alguém está passando por algo parecido não é o suficiente para Mia, que nem mesmo consegue contar a verdade aos amigos. Assim, Zac é justamente aquele que pode, de alguma maneira, fazê-la compreender o quanto ela tem sorte por ter boas chances de cura e recuperação.

O livro é narrado em primeira pessoa, sob os pontos de vista de Zac e de Mia. Os narradores não se alternam em capítulos subsequentes, mas em conjuntos de capítulos, ou seja, em partes. Começamos o livro conhecendo Zac, e assim ficamos por vários capítulos até que, finalmente, Mia comece sua narrativa. É uma forma interessante de contar a história dos dois, pois embora estejam vivendo dramas parecidos com a doença que começa com “c”, seus traumas, tratamentos e probabilidades de cura são absolutamente diferentes. Os personagens são cativantes à sua maneira, mas é impossível não amar Zac e sua intensa perseverança e apego às probabilidades matemáticas. Mia é mais complicada, geniosa e irritante, mas sua evolução como pessoa é legal de acompanhar. A questão familiar também é bem abordada, como a presença e a ausência dos pais e amigos durante uma luta tão difícil. A importância da internet e suas redes sociais para a compreensão de sua condição e para se manter contato com o mundo exterior é outro fator em alta no livro. Por vários trechos acompanhamos Zac interagindo no Facebook para mostrar aos amigos como está se saindo, enquanto Mia só mantém seu perfil como a garota saudável de antes, recebendo convites para festas e poucas perguntas a respeito do que ela alega ter sido apenas uma torção de tornozelo, confirmando a tese de que nem sempre o que se vê nas redes sociais é o que realmente somos ou estamos vivendo.

Como é de se esperar, ao longo da história, nos deparamos com momentos tristes, com perdas e decepções, mas em geral, o livro tem um bom astral e, até mesmo um final meio surpreendente. Outra coisa que muito me agradou foi o ambiente. Por ser uma ficção australiana, o livro está ambientado no Novíssimo Mundo e, portanto, conhecemos um pouquinho de Perth, com suas praias e surfistas amantes do sol; de gírias e nomes típicos utilizados pelos habitantes do país, e; ainda, o dia a dia de uma fazenda de oliveiras, com direito a filhotes fofíssimos de cangurus e alpacas. Para os fãs do gênero, esta pode ser uma leitura divertida e tensa, na medida certa.

A coisa mais interessante no Facebook foi rejeitar os insistentes pedidos de amizade da minha mãe.
(...)
Eu só quero ver o que você anda fazendo.
Você já está vendo o que ando fazendo. Você vê tudo. Em tempo real.
Mas eu só tenho quatorze amigos – retruca ela como se eu fosse ceder por compaixão.”

8 comentários:

  1. Era de se esperar que o livro tivesse muitos momentos tristes. Bom saber que, ao menos, foi dosado com bom astral. Isso deixa a obra mais leve e chamativa.

    Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de outubro. Serão seis livros para três vencedores.

    ResponderExcluir
  2. Esse livro parece ser bem emocionante, e a história dele parece ser bem interessante. Mas mesmo tendo bom astral, ainda não tenho muito interesse em ler, não gosto muito de livros do gênero :P

    Beijos!

    ResponderExcluir
  3. O livro não chamou muito minha atenção, mas gostei de saber que o autor soube dosar com os vários momentos tristes.
    Bjs, Rose.

    ResponderExcluir
  4. Camilla, este livro me surpreendeu. Imaginei que Zac & Mia seria apenas mais um sick-lit com mortes e doenças inevitáveis, mas a sua história me cativou, a relação de amizade que foi criada durante a narrativa entre os dois personagens no hospital foi encantadora, assim como o tratamento com bom humor que ambos possuíam. Adorei!

    ResponderExcluir
  5. Eu gosto de sick-lit, não é um dos meus gêneros preferidos, mas eu gostei de todos os livros que li. Confesso que esse livro não estava no topo da minha lista de desejados, mas eu fiquei com mais vontade de ler ele agora.
    Também gostei de saber que o final é surpreendente. E achei interessante a escolha de ambiente. Com certeza vou ler o livro!
    Bjss

    ResponderExcluir
  6. Hello Camilla!
    Nossa, desde o lançamento do livro Zac & Mia, que eu to curiosa para ler.
    A capa está mtooo linda e diferente, me chamou mesmo a atenção.
    Apesar de nao ser mto fã do gênero sick-lit, ultimamente tenho lido alguns e gostado. Acho q a lição q eles passam estão me deixando emotiva, sei la...
    Gostei de saber que apesar do momentos tristes que o livro relata, comum nesse genero, mas o livro mantem o alto astral, pq odeio livro que deprime a gente.
    Ainda quero mto ler, so to esperando abaixar o preço, hehe.
    Beijos.

    ResponderExcluir
  7. Li muitos comentários positivos referentes a esse livro, e por esse motivo pretendo ler, pois gosto de romances e esse acredito que meio que se assemelhe a A Culpa é das Estrelas, mas claro com um enredo totalmente diferente, somente se assemelha por os personagens serem doentes e por ter momentos tristes.
    Sua resenha está muito boa, pretendo ler Zac & Mia em breve.

    ResponderExcluir
  8. kkkkk adorei esse quote. Minha mãe fez uma conta no face pra ela mês passado e meu irmão não quis aceitá-la também. Mas então pela sua resenha já me encantei com a Zac sério. ó que mesmo sendo irritante acho que ela tem alguma coisa que faz com que não se torna insuportável. E cara lógico que estou torcendo por um final feliz. Espero muito.

    ResponderExcluir

Gostou do post? Por que não faz um comentário e deixa uma blogueira feliz? :)