Resenha: O Sumiço de Beatriz – Carolina Matsuo

Em meio a acordos entre a petrolífera brasileira e a venezuelana, uma organização paramilitar liderada por corruptos faz negociações com militares venezuelanos para produzir um instrumento de guerra, que apenas duas pessoas são capazes de desenvolver: Beatriz, uma estilista que ganhou vários prêmios como figurinista e maquiadora, criada por sua tia, Giselda; e o professor Dr. Yaacov Baum, um professor-pesquisador judeu de uma prestigiada universidade. Durante a negociação do projeto de tal instrumento, num evento responsável por uma série explosões, Beatriz foge do cativeiro, mas o professor é ferido, e sua tia, que estava no local, é dada como morta. Beatriz recorre ao seu amigo de infância, Tomaz, e tenta lhe contar os fatos. Porém,antes mesmo que ela explique o que está acontecendo, é obrigada a fugir dos militares que a perseguiam. Tomaz, chef de cozinha e dono do Tradicional Café, sem entender o que está acontecendo, e preocupado com a atitude da amiga, mergulha em uma profunda investigação para encontrá-la. Eventualmente, ele acaba descobrindo uma rede de intrigas e corrupção que envolve um mercador de armas, as FARC e algo muito além do que ele poderia imaginar.

O Sumiço de Beatriz, escrito pela autora Carolina Matsuo, é um suspense nacional, com muita ação, reviravoltas e investigações frenéticas. Como o próprio título sugere, a trama gira em torno do sumiço de Beatriz, após a estilista se envolver com gente das mais perigosas e, ainda, levar o melhor amigo a uma investigação muito estranha.

Quando Beatriz começa a ajudar o professor Yaacov com a produção de uma arma, logo percebe que está se envolvendo em uma grande roubada. Não que ela tivesse muita escolha... o fato é, logo ela se vê em uma fuga pela própria vida, tentando salvar, não só a sua pele, mas também daqueles que ama. A tal arma é o objeto de desejo de vários grupos armados e, cair em quaisquer destas mãos, pode ser o fim. Felizmente, querendo ou não, ela conta com a ajuda de Tomaz, seu amigo de infância, que não vai descansar enquanto não souber o que realmente aconteceu com Beatriz.

Primeiramente, a trama é narrada em terceira pessoa, de forma a apresentar o leitor aos pontos de vista dos diversos personagens, inclusive vilões. A narrativa possui muita ação, pois todos estão sempre resolvendo algo importante, fugindo, investigando... a todo tempo surgem novas informações a respeito da situação, ainda que a grande virada só aconteça no finalzinho. Há um tanto de ficção científica e uma grande porcentagem de espionagem e conspiração.

O ritmo é bom, mas um pouco cansativo quando se trata de diálogos muito detalhados. Estes, apesar de ajudarem na personalidade das pessoas, acabam soando estranhos quando escritos da forma como estão, por exemplo, cheios de exclamações (!!), repetição de reticências em uma mesma frase, enfim, fatores que me incomodaram um pouco. Particularmente, também acho um pouco feia a utilização de onomatopeias em textos assim, especialmente porque a própria autora sabe descrever perfeitamente tais detalhes sem que se necessite dessa figura de linguagem. Entretanto, é só minha opinião, pois embora não aprecie esses pormenores, ainda acho que a narrativa possui um desenvolvimento muito bom.

Não posso deixar de avisá-los que é impossível largar este livro sem antes saber aonde foi parar Beatriz, que definitivamente desaparece logo no início da história, deixando para Tomaz a missão quase suicida de investigar toda aquela loucura. A lealdade do personagem, bem como suas pequenas trapalhadas, dão um gostinho todo especial à história. O final me surpreendeu pela forma como se desenrolou, algo que, sem dúvida, dá ao livro o encerramento com chave de ouro.

“– Acho que ele não tem esperança de encontrá-la viva, mas pretende buscar respostas. Todos nós estamos atrás desses relatórios, mas com intenções diferentes.”

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