Resenha: A Mais Pura Verdade – Dan Gemeinhart


Autor(a): Dan Gemeinhart

Gênero: Drama

Nro Páginas: 224

ISBN: 9788581636337

NUNCA É TARDE DEMAIS PARA VIVER A MAIOR AVENTURA DA NOSSA VIDA.
Em todos os sentidos que interessam, Mark é uma criança normal. Ele tem um cachorro chamado Beau e uma grande amiga, Jessie. Ele gosta de fotografar e de escrever haicais em seu caderno. Seu sonho é um dia escalar uma montanha. Mas, em certo sentido um sentido muito importante , Mark não tem nada a ver com as outras crianças. Mark está doente. O tipo de doença que tem a ver com hospital. Tratamento. O tipo de doença da qual algumas pessoas nunca melhoram. Então, Mark foge. Ele sai de casa com sua máquina fotográfica, seu caderno, seu cachorro e um plano. Um plano para alcançar o topo do Monte Rainier.Nem que seja a última coisa que ele faça. A Mais Pura Verdade é uma história preciosa e surpreendente sobre grandes questões, pequenos momentos e uma jornada inacreditável.



A Mais Pura Verdade (título original: The honest truth), escrito por Dan Gemeinhart e publicado pela editoa Novo Conceito, é um romance ao estilo sick-lit, narrado por um garoto doente que está prestes a desistir de lutar pela vida após tantos anos tentando. Ao contrário da maioria das histórias do gênero, o foco da narrativa não é a vida com a doença, mas a vida que o garoto escolhe viver após uma importante decisão.



A princípio, a história de Mark pode parecer apenas mais uma dentre tantas que têm sido lançadas com o tema, mas não se engane, não é bem assim. Mark é só um garoto, mas em sua curta vida já lutou contra o câncer por muitos anos. Alguns destes anos foram tão difíceis que ele nem mesmo pôde frequentar a escola como uma criança normal. Outros, foram incrivelmente tranquilos e, até mesmo saudáveis. O problema é que, mais uma vez, Mark está doente, e desta vez está realmente bravo com a situação. Ele tem uma família para amar, mas já está cansado de vê-los sofrer e ainda ter que fingir que não se sente tão triste. A única pessoa que sabe o que ele realmente sente é Jess, sua melhor amiga. Ao lado de seu cachorro Beau, Mark resolve atender a um pequeno pedido feito por seu avô antes de morrer, que sempre quis começar com o neto um jornada por uma montanha. O plano é simples: ele só precisa fugir de casa levando uma câmera fotográfica, caderno, caneta, passagens só de ida, remédios e o melhor cachorro do mundo. O plano de Mark é quase inocente o bastante para uma criança, mas, novamente, não se engane, o garoto sabe exatamente o que está fazendo.



Ela ainda não sabia de tudo. Não sabia o que Mark sabia, não sabia do segredo que havia feito o garoto arrumar as malas e desaparecer na escuridão.

[…] Ela não acreditou como não havia pensado nisso antes. Assim que percebeu, deu-se conta de Mark jamais a deixaria sem se despedir.”




O livro é narrado em primeira pessoa por Mark, mas possui capítulos especiais com um narrador onisciente que acompanha Jess. No início, as atitudes de Mark, bem como suas ideias a respeito de como deveria seguir com o plano, me deixaram bem irritada. Ao invés de compaixão, acabei percebendo uma personalidade extremamente egoísta, incluindo suas atitudes premeditadamente cruéis com que tanto o amava. Entretanto, o desenrolar da trama começa a mostrar um Mark assustado e que procura coragem a qualquer custo. Ele é perseverante mesmo após passar por momentos terríveis que nada têm a ver com sua doença, mas com suas escolhas. O garoto está arrasado demais para desistir da única e, talvez a última, grande aventura de sua vida. É tudo ou nada. Ele quer cumprir seu objetivo ou morrer tentando, e a jornada acaba sendo mais difícil do que ele havia previsto. 

Como sempre acontece, história com crianças e animais acabam sendo muito doces, e eu quase sempre fico encantada. O cachorrinho Beau é mais do que um acompanhante na jornada de Mark. Com seu porte pequeno e companheirismo, ele acaba sendo o grande confidente e defensor do garoto nas horas mais difíceis e inesperadas. Juntos, eles passam por perigos capazes até mesmo de antecipar o fim de suas vidas, o que traz para Mark uma nova perspectiva, tornando a história ainda mais tocante.



- (…) Você acha que ele deixaria qualquer coisa acontecer com você? Você acha que ele deixaria você sozinho para lutar por conta própria?

- Não – eu respondi (…) - Ele não deixaria. Ele é o melhor. Mas... os cachorros morrem, mãe. Os cachorros morrem.”



A amizade e lealdade entre um garoto e seu cachorro não é o único ponto forte da história, pois Jess, a amiga de Mark, também se mostra extremamente fiel a um pedido do amigo, algo que a coloca frente a frente com uma decisão de vida ou morte. Há um grande debate interior sobre fazer a coisa certa para todos e fazer a coisa certa por um amigo. No caminho, Mark também se encontra com estranhos e suas diversas reações à sua presença. Quanto pode significar a aparência frágil de uma criança doente e sozinha? As reações são bem diversas...



Morrer e viver. É tudo uma bagunça. Essa é a mais pura verdade. Aquilo me deixava irritado. Um tipo de irritação triste.”



A capa do livro é muito fofa e representa um momento muito forte e importante da história, bem capaz de nos fazer derramar algumas lágrimas. A diagramação também não deixa a desejar e os capítulos possuem páginas em preto, bem demarcadas. O final é uma surpresa e deixa em aberto uma perspectiva diferente a respeito do que se pode considerar “missão bem sucedida”. O livro é indicado para leitores de qualquer idade e gostos literários.



- Uma vida não é uma vida completa sem um cão; é o que eu sempre digo.”

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