Resenha: O Mago de Camelot – A Saga de Merlim para coroar um Dragão – Marcelo Hipólito

De uma infância pobre e sofrida à irresistível ascensão aos salões dos grandes reis; de um começo sem esperanças ao despertar de um poder inigualável e temido, Merlin vem a se tornar o homem mais influente da Idade das Trevas. Confidente supremo do rei Artur e maior conselheiro da corte de Camelot. Misterioso e enigmático. Amado e odiado. Druida, monge e mago. Na Britânia do Século V da Era Cristã – abandonada pela queda do Império Romano à barbárie dos invasores saxões –, Merlin surge para impor um novo tipo de rei a um povo abatido e desesperado, alterando, para sempre, não apenas o destino dos britânicos, mas de toda a humanidade. A saga de um homem determinado a erigir uma civilização de paz e justiça numa terra devastada pelo caos e pela guerra irrompe em uma aventura épica e brutal que equilibra realismo duro com doses amargas de magia. 

O Mago de Camelot é mais um exemplar da literatura nacional digno de aplausos. Com uma linguagem rebuscada, perfeitamente inserida no contexto da trama, o autor nos leva ao universo místico da conspiração que permitiu a chegada de um dos maiores reis que a História Fantástica já teve. Para ser sincera, nunca fui muito chegada a histórias com fundo potencialmente verídico, isto é, por mais que não haja garantia de veracidade na lenda do Rei Artur, ainda assim sua história é uma das maiores e mais conhecidas. Apesar disso, histórias baseadas na lenda nunca me instigaram a querer conhecê-la além dos filmes, mas tenho que admitir que assim que li a sinopse e a primeira resenha sobre este livro fiquei bastante interessada na história. Não se engane quanto ao personagem principal da trama que, neste livro, é ninguém menos que o famoso mago Merlin. O livro, escrito por Marcelo Hipólito, autor parceiro do blog, é uma publicação do selo Novos Talentos da Literatura Brasileira, da Novo Século.


No início, temos um vislumbre de Avalon, a lendária ilha das maçãs, que apresenta um grande valor místico na história do Rei Artur. Em meio ao sofrimento de um ser poderoso, a ilha se tornou muito mais do que o reduto dos druidas. Também acompanhamos a tentativa de sobrevivência de dois jovens irmãos, que lutam pelo pouco que a miséria ainda lhes permite. Um desses jovens é apenas um garoto que vive à sombra do irmão, mas cujo destino reserva algo inacreditável. Esta é uma história sobre Merlin e seu papel na vitória do rei dos justos, mas também um retrato do sofrimento medieval e da crueldade por parte da maioria dos homens da época. A dose de realidade mesclada ao misticismo envolto em um tempo onde o cristianismo começava a crescer, é quase um retrato do que lembro de ter visto nas aulas de História.

Segundo a lenda, Avalon, a Ilha das Maçãs, oculta sob a proteção de um manto eterno de névoa fria e espessa, era a fonte do poder dos druidas e o coração da Natureza.”

Trata-se de uma história épica, como todos sabem, com uma aura fantástica e banhada a sangue. Não há romance, embora existam alguns detalhes de suma importância que vieram graças a certos envolvimentos amorosos dos personagens. Com todo poder e glória de Merlin, a história mostra que nada veio facilmente. Na verdade, as perdas são enormes e o mago, servindo a um propósito alheio a sua vontade, faz o impossível para fazer cumprir uma profecia.

O poder do feiticeiro proporcionou o vislumbre de uma nova era, magnífica e arrebatadora, ainda que envolta em sangue, traição e morte. E, para a concretização desse novo tempo, o próprio Merlin deveria pagar um preço terrível.”

Ao contrário de alguns livros do gênero (histórico-fantástico), a trama não é nada cansativa, mesmo quando necessária a requisição de um dicionário para conhecer o significado de palavras como macambúzio (sim, precisei conferir o “pai dos burros” e fiquei bem feliz em descobrir o significado da palavra que nunca havia visto/ouvido na vida). Não havendo qualquer visão romântica da situação vivido pelos personagens, é quase impossível tomar um lado e pensar neste ou naquele personagem. Nada é visto com individualidade, mas o bem maior é o que justifica as atitudes pouco convencionais, para os dias de hoje, de Merlin e vários outros personagens. Temos um vislumbre dos cavaleiros da Távola Redonda, de Camelot, da lealdade de Lancelot e da personalidade de Morgana, mas senti falta da Dama do Lago, que embora tenha sido mencionada (inclusive seu “nascimento”), esperava que teria um papel maior na trama. Na maior parte do livro, são os personagens antecessores ao tempo de Artur que demonstram sua importância na criação de Camelot e transformação da Britânia, assim como o início, o meio e o fim da jornada de Merlin.

Definitivamente, o livro me surpreendeu logo no início. Assim que visualizei o cuidado do autor com a linguagem ideal a ser utilizada e a forma clara, porém marcante de se narrar a história em terceira pessoa, soube que seria uma leitura verdadeiramente épica. Por mais fantástico que possa parecer, eu quase acreditei que fosse a história verdadeira, e não a lenda a que todos se referem ao longo da história da literatura e cinema. Não encontrei erros visíveis ao longo das páginas e achei a arte da capa, simples e sugestiva, realmente bonita.

- Não se deixe enganar por minhas vestes, jovem príncipe. Não sou nem uma coisa nem outra -sorriu Merlin, enigmático. - Partiremos hoje.”

...buscaria a erradicação da magia pela difusão da razão, expurgando as trevas da ignorância impostas pelos sacerdotes, manipuladores do medo da morte, do sobrenatural e do desconhecido.”

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