A resenha de hoje é bem
especial, por várias razões. Além de ser o primeiro livro que leio
este ano, Pluvia também é o primeiro escolhido da Maratona
Literária e, como se não bastasse, conta uma história incrível. É
um livro nacional, escrito pela Erica Azevedo e publicado pelo selo
Novos Talentos da Literatura Brasileira, da Novo Século.
Ana cresceu empenhada em suas histórias fantásticas, mas nunca teve oportunidade de se aventurar por elas. Abandonou-as ainda na adolescência, enxergando que a realidade é dura demais para tais voos inocentes. Mas, em meio a uma viagem a um vilarejo desconhecido no sul do Brasil, ela tem a oportunidade de enveredar por um mundo totalmente novo, quando, em meio à chuva do fim de tarde, observa as gotas se transformarem em pessoas iguais a ela. Sentindo o fogo que a preenchia na infância se reacender com a curiosidade, Ana vai atrás deles e se depara com um pedido de ajuda e a descoberta de um novo mundo: Pluvia. Mas o que essas pessoas realmente escondem? E qual o segredo por trás dos profundos olhos azuis do estranho senhor da mercearia? E o que de tão terrível está assustando os pluvianos a ponto de fazê-los pedirem ajuda a uma menina indefesa? Essas respostas serão desvendadas e muitas outras perguntas surgirão no decorrer da leitura de Pluvia. O primeiro livro da série “Os Mundos” traz um misto de aventura, romance e diversão para os leitores de literatura fantástica e que, como Ana, possuem sede por conhecer outros mundos.
Como
todo amante de histórias fantásticas, a descrição de outros
mundos, com seres cheios de habilidades especiais, e o simples fato
de encontrar no enredo um refúgio mágico da realidade, já são
motivos suficientes para se atrair o leitor. Conheci Pluvia através
de um Tweet. Isso mesmo! Vi um dos meus “seguidos” citar o livro
como uma de suas leituras mais especiais e achei interessante, pois
nunca tinha ouvido falar do mesmo. Procurei informações e logo
fiquei encantada com a premissa. Comprei, mas só fui ler agora, na
Maratona.
A
história de Ana, narrada em terceira pessoa, nos leva diretamente ao
mundo de Pluvia, através de uma chuva doce de fim de tarde. A
menina, de férias com os pais em um vilarejo que não está no mapa,
passava uma tarde de ócio quando o belo espetáculo do cair da chuva
lhe chama atenção. Observando da janela do quarto, ela nota algo
anormal surgindo entre as gotas de chuva: pessoas. Intrigada com o
que acaba de ver e sem encontrar uma explicação lógica para tanto,
ela decide segui-los à entrada do povoado, mal sabendo que esta
decisão a levará ao maravilhoso mundo além da chuva, e também a
desconhecidos perigos.
Em
Pluvia, as pessoas são divididas por suas habilidades. Não há
escolas para os jovens, mas sim o tipo de treinamento necessário
para desempenharem suas funções. Cada personagem tem uma
peculiaridade. Alguns são guerreiros, outros fazem magia, mas cada
um tem uma forma especial de encarar sua realidade. Em pouco tempo,
Ana, que antes estava relutante em aceitar sua ida a Pluvia, se vê
encantada pelo lugar e seus ilustres moradores. Infelizmente, um
grande perigo está a espreita nas sombras e Ana parece estar ligada
a isso. Em meio à busca pela salvação de Pluvia e à necessidade
de voltar para casa e seus pais, o que mantém Ana no chão é a
amizade recém descoberta com alguns pluvianos e a estranha atração
por um guerreiro antipático. A coragem de Ana é posta à prova a
todo momento, inclusive quando um velho e querido conhecido pode
estar ligado ao perigo iminente.
A
narrativa é leve e flui a ponto de levar o leitor a Pluvia sem notar
o relógio. Gostei muito de Calix, Vevila e Aléxi, amigos que
certamente deram um toque especial à trama, especialmente o último.
Acho que nem preciso falar sobre a criatividade da autora ao criar um
mundo cujo passaporte é nada menos do que algo que vemos o tempo
todo, a chuva. Tirar magia de coisas simples é algo brilhante. Minha
única ressalva é o tamanho do livro, que mesmo sendo muito bem
escrito, é pequenininho com suas 279 páginas. Apesar de ter sido
bem finalizado, um ótimo gancho foi deixado para a continuação,
outro detalhe que é razão de amor e ódio. Ainda que eu goste muito
da ideia de viajar mais um pouco por Pluvia, estou um pouco triste
por não haver previsão para o próximo volume.
“Seus olhos cinzentos se encaixavam perfeitamente naquela expressão indagadora que costumava se instalar em seu rosto enquanto lia livros e se divertia com jogos de tabuleiro que contribuíam para elevar sua imaginação. Uma criança incomum, diziam seus pais.”
“E foi então, em meio àquela pequena demonstração da força da natureza, que ela vislumbrou, pela janela embaçada pela chuva, uma pequena transformação de fantasia em realidade.”
“…você vai aprender que o objeto mais inofensivo pode ser aquele que te causará mais dor.”
“Aparentemente, um tapa não havia sido o suficiente. Ela sentia vontade de esganar ele. Talvez ela conseguisse aproveitar o grande poder de artilharia que tinha no barracão para torturá-lo.”
Nossa tô lendo esse livro e tô achando tudo fantástico :] Se eu foce a Ana não faria o que ela fez, seguindo pessoas estranhas eu teria um ataque isso sim :]
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Fico muito feliz que tenha gostado do livro, Camilla. A continuação está quase pronta, mas ainda sem previsão de lançamento, infelizmente =/
ResponderExcluirEu ainda não conhecia esse titulo mas confesso que fiquei super empolgada para ler! *-*
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