Resenha: A Última Nota, de Felipe Colbert e Lu Piras


Nunca sei como devo começar uma resenha. Já são vários meses postando no blog e até agora fico em dúvida quanto ao início e acabo começando sempre do mesmo jeito. Enfim, mais uma vez, tenho que dizer que estou feliz por este ser um livro nacional. Publicado pela Novo Século e de autoria de dois bons nomes da literatura atual e jovem do Brasil, A Última nota é um romance doce e cheio de mistérios, capaz de chamar a atenção com a capa e a sinopse e, prendê-la com o ar misterioso dos arredores do Parque Lage e o som do violino.



Quando Alícia Mastropoulos se apresenta pela primeira vez como a principal violinista na Orquestra de sua Universidade, ela não tem ideia dos acontecimentos que este fato desencadeará. Decidida a tocar uma composição inédita deixada por seu falecido avô em vez da música programada, ela se emociona e erra a última nota, mas ninguém parece perceber. No dia seguinte, recebe a notícia que um jovem desconhecido é encontrado no coreto próximo ao local da apresentação e levado para um hospital. Quando acorda, ele não se lembra de nada, apenas chama pelo nome dela. Ele, o belo e misterioso rapaz de olhos azuis, é exatamente o que Alícia precisa evitar. Porém, a aproximação entre os dois se torna inevitável quando ela descobre que sua avó, Cecília, tomando conhecimento do caso, hospedou-o e ainda lhe deu o nome de Sebastian. Preocupada, Alícia pede que sua avó o afaste de casa, antes que a situação traga problemas para sua família e para o seu namoro com Theo. Percebendo a relutância da avó e incomodada com a proximidade cada vez maior de Sebastian, Alícia decide apressar o noivado com Theo, para a satisfação de seus pais, que veem com bons olhos um casamento entre duas famílias tradicionais gregas. Só que, aos poucos, ela começa a descobrir uma intensa atração pelo rapaz desconhecido, que a levará a entender, enfim, o mistério que o envolve, a resgatar histórias do passado e a tomar importantes decisões para o futuro.




Não preciso dizer que a capa foi a primeira razão que me fez querer o livro na primeira vez que o vi. Sugestiva, melancólica e contendo um item que me atrairia de qualquer forma, a figura da menina concentrada, com seu violino, esconde uma história simples e mágica.

A expressão Presente de Grego nunca mais será a mesma após Alícia e Sebastian se encontrarem. Criada sob as tradições de seus ascendentes gregos, em solo carioca, e com uma paixão incompreendida pela música clássica, Alícia leva uma vida comum. Theo, seu namorado, é o genro dos sonhos de qualquer pai que leva a tardição grega a sério, mesmo que o rapaz seja vazio. A garota estuda música na faculdade, mas não tem a aprovação dos pais, que preferem que a mesma consiga apenas um bom casamento grego. Ao contrário dos pais, os avós de Alícia sempre a apoiaram. Seu avô recém falecido era um grande músico que não se importava em seguir as tradições e casou-se com uma desconhecida. Cecília, avó de Alícia, sente muito a perda do marido e a ausência do filho, pai de Alícia, que está afastado. Apesar disso, é um grande alicerce para Alícia e colabora em muito para o início de uma história de amor. Sebastian é um rapaz incrivelmente bonito que surge chamando por Alícia, sem que ambos sequer tenham se conhecido. Naturalmente, este é o grande mistério da história, que dá margem a diversas teorias (a minha, em especial, acabou se mostrando furada).

Trata-se de uma narrativa em primeira pessoa, bem detalhada e focada nos pensamentos de Alícia, que é uma típica jovem do Rio, que estuda e nunca viveu grandes emoções. Apesar de tudo o que a personagem nos conta, não consegui gostar muito dela. Mas tudo bem, nunca gosto das personagens que narram os fatos mesmo... mas os pais de Alícia foram o motivo de grande parte da minha irritação. Achei que os dois foram passivos e mesquinhos demais, algo que eu não sei se perdoaria. Definitivamente o personagem que me conquistou foi Cecília, com seu carinho, paciência e apoio inabaláveis. Mesmo para uma avó, achei a mesma bastante compreensiva, o que me encantou. Não vou falar do Sebastian para não estragar as surpresas, mas posso adiantar que a presença dele é mais do que inspiradora.

A maior parte da leitura se mostrou previsível e sem grandes reviravoltas, mas o mistério que liga Sebastian à Alícia estava sempre apontando, sugerindo ideias e conclusões. No fim, gostei muito de constatar que a história teve um enredo só dela, que afinal, não era nada daquilo que eu esperava. Não posso dizer que o final inesperado me desagradou, mas senti que faltou algo. Queria que fosse um pouco mais detalhado, visto que um romance tão especial merecia certas declarações. Enfim, não posso ter tudo o que quero, não é?



 Quotes do livro:
- (...)Você só se preocupa com essa faculdade e se esquece de que o mais importante é pensar no seu futuro.



- A vocação e a magia são filhas da perseverança. Quando você toca, você faz música. Quando você acredita, você faz mágica.



(...)Eu nem sabia as primeiras notas de cor, e ele simplesmente não precisava dos papéis para tocar a minha música.



- Toque Gratia novamente. Toque até a última nota, sem errar.


Finalizando, sei que já falei sobre isso antes, no post sobre a Bienal do Rio, mas vou falar de novo. Comprei A Última Nota no estande da Novo Século, que simplesmente estava lindo para os leitores presentes, com tantos autores maravilhosos e atenciosos. A Lu e o Felipe foram ótimos, autografando e fotografando com os leitores. Esse encontro foi, sem dúvida, uma das melhores coisas do meu dia na Bienal.


3 comentários:

  1. Oi,

    Eu também li o livro e também senti que faltou algumas explicações ao longo da narrativa. É claro que o Sebastian é um fofo!!!
    Adorei sua resenha!
    Seguindo!

    Abraços,

    Priscila Yume
    http://yumeeoslivros.blogspot.com.br/
    http://yumeeocantinhodaleitura.blogspot.com.br/
    http://www.facebook.com/pages/Yume-e-os-Livros/354138304679022
    @Yumeeoslivros

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  2. Adorei a resenha :)

    To seguindo, segue também?
    www.dreamy-fearless.blogspot.com.br

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  3. Muito obrigada pela resenha, Camilla! Você é uma querida! :)
    A Bienal é um encontro de livros, escritores e leitores tão harmônica e emocionante, que nos faz acreditar na literatura no Brasil. Eu acredito e por isso escrevo para leitoras como você.
    Fico feliz que você tenha aproveitado a leitura do livro, que ele tenha despertado suas inspirações de algum modo.
    Beijos,

    Lu

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