Analisando o catálogo da
editora Prumo, um livro desconhecido me chamou a atenção. Nunca
havia ouvido falar do título ou enredo e fiquei bastante curiosa a
respeito. Com o livro em mãos, fico feliz em confirmar minhas
suspeitas, já que o mesmo é, surpreendentemente, bom.
Para o pessoal da
Clínica do Lago, Violaine, Claire, Nicolas e Arthur são
simplesmente quatro adolescentes loucos, estúpidos e inúteis. Isso
até que o único médico que realmente se importa com eles é
sequestrado e os jovens resolvem escapar da clínica para
encontrá-lo. Repentinamente, os quatro são levados a uma aventura
incrível e tem de enfrentar seus medos para salvar o Dr. Barthélemy.
Em uma saga de tirar o fôlego, os jovens se dão conta que também
estão prestes a descobrir um dos maiores segredos do século XX. A
vida deles nunca mais será a mesma. A história da humanidade também
não. Uma perseguição emocionante, em que os quatro adolescentes
terão de mergulhar na fonte de suas supostas deficiências para
descobrir que, na verdade, elas são seus grandes poderes
sobrenaturais e sua única esperança.
O livro é narrado em 3ª
pessoa, mostrando o ponto de vista de diversos personagens, inclusive
o do suposto vilão. O cenário se encontra entre os alpes suíços e
a beleza da França. Os personagens são simples e, ao mesmo tempo,
complexos, além de encantadores, cada um à sua maneira. Tudo é
abordado de forma rápida, mas sem perder a profundidade necessária.
Violaine está internada
por causa de suas loucas visões envolvendo dragões muito
familiares; Claire foi deixada na clínica por culpa de suas
estranhas teorias a respeito de sua origem; Nicolas não vive sem
seus óculos escuros, mesmo nos ambientes internos; e, por fim,
Arthur desenha macacos para atenuar a pressão do conhecimento e da
memória. O que eles têm em comum? Todos foram deixados na clínica
como pacientes irrecuperáveis. Apesar de suas loucas diferenças,
eles se tornam amigos, compartilhando seus medos e problemas.
Infelizmente, a clínica é um lugar bastante desagradável,
considerando seus funcionários, que costumam agir de forma
preconceituosa e tendenciosa quando se trata dos pacientes. As coisas
só melhoram mesmo com a chegada do Dr. Barthélemy, que é atencioso
e paciente com os meninos, além de receptivo às confissões
bizarras.
A situação se
transforma, de repente, quando o querido doutor é sequestrado,
deixando uma única pista do motivo. Leais, os garotos decidem fugir
para conseguirem uma forma de salvar o médico. Claro que nada disso
é fácil quando se juntam quatro adolescentes recém fugidos de uma
clínica para loucos, que não podem contar com a ajuda da família
ou dos próprios pais. Além disso, eles têm que aprender a lidar
com suas anomalias/poderes, que estão mais fortes do que nunca sem
os remédios inibidores. Tais poderes, seja lá qual for a razão de
existirem, podem ser bastante úteis na jornada, fazendo com que os
garotos procurem usá-los, ao invés de escondê-los.
O que, no princípio da
leitura, parece realmente fruto de problemas psicológicos, logo se
torna apenas um detalhe da trama. Com o decorrer da história,
descobre-se algo a nível de conspiração, com o poder de alterar
concepções do mundo inteiro. A combinação de ingredientes como
poderes e história mundial, bem como o levantamento de uma questão
que imagino ser do interesse de todos, acabou se mostrando simples e
inteligente. Confesso que fiquei muito surpresa com o rumo da
história, especialmente com a explicação final. Como já disse, a
trama é surpreendente e não apela para grandes reviravoltas, tendo
um ótimo desfecho.
O livro é pequeno e
cheio de citações muito interessantes, além de ser o primeiro de
uma série que não sei se terá continuidade no Brasil, mas já
aviso que se houver, vale a pena esperar!
Ela estava deitada, enroscada no chão frio da caverna. Atrás, ao fundo, escondidos à sombra, os dragões rosnavam suavemente e suas escamas rangiam contra a pedra. Os olhos deles brilhavam, amarelos, vazios, ávidos. Eles a observavam e esperavam.
(...)Eles formavam uma equipe de estropiados na qual nem o mais louco dos jogadores apostaria um centavo! A tripulação de uma galeria sombria, onde o menos estropiado no momento assumia o comando e cuidava dos outros... Deplorável.
- É mágica – comentou com simplicidade Clarence que, apesar de dominar perfeitamente os aparelhos, já havia desistido de compreender a informática.
- É impossível – Claire falou, sacudindo a cabeça. - Não dá para mentir por tanto tempo para o mundo inteiro.
- Vou revelar um segredo, um verdadeiro: um é igual a dez. O que quero dizer, é que o número não prova nada. Sendo assim, um único homem pode ter razão mesmo se outros dez não pensam como ele.
- Isso quer dizer que no monte Machin vamos encontrar as provas do maior blefe da história?
Uau, a França já é um cenário belíssimo para um livro. Parece ser bacana!
ResponderExcluirNina & Suas Letras
Nossa que bacana, super diferente. Também não conhecia este livro, nem o autor.
ResponderExcluirPor mais que o livro pareça ser bom, eu não consegui sentir vontade de ler, acho que por não ser meu gênero de leitura.
ResponderExcluirBeijos
Pepper Lipstick