O Rei do Ferro, de Julie Kagawa



The Iron King (O Rei do Ferro) é o primeiro volume de uma série encantadora, escrita por Julie Kagawa e publicada no Brasil pela editora Underworld. O enredo, em tese, pode parecer um pouco bobo por ter como base o mundo fairy, ou seja, fadas e criaturas afins, mas você terá uma surpresa assim que adentrar no mundo mágico dos seres seelie e unseelies. É uma narrativa muito gostosa de se ler, especialmente com a perfeita associação dos nomes e personagens que já conhecemos de algum lugar no passado...

 
Meghan vive com a mãe, o irmão e o padrasto, mas parece nunca se encaixar desde ter presenciado o desaparecimento assombroso do pai. Agora ela vive uma vida escolar quase anônima ao lado de um amigo muito especial, Robbie, que além de divertido começa a se mostrar cada vez mais protetor. Tudo se complica quando o irmãozinho de Meghan, Ethan, é sequestrado por seres fantásticos, levando a garota a mergulhar na aventura mais inacreditável até o momento. A verdade é que Robbie, é ninguém menos que Robin Goodfellow, mais conhecido como Puck, a famosa criatura de Sonho de Uma Noite de Verão, de William Shakespeare. Ele revela que sempre esteve a seu lado por ordem de seu verdadeiro pai, o rei Oberon, da Corte Verão. Para o terror da garota que acaba de descobrir ser parte fairy, um outro ser de orelhas pontudas também parece estar perseguindo-lhe e, assim, ela conta com a ajuda de mais um fantástico ser chamado Grimalkin para chegar ao reino de seu pai.
Surpresa com a presença de tanta mágica e criaturas saídas de seus sonhos mais doces e, também, de seus piores pesadelos, Meghan não tem certeza do que a espera na Corte Verão, mas sabe que precisará de ajuda para encontrar Ethan. A relação com o pai recém-descoberto não é calorosa e se baseia em uma certa desconfiança. Enquanto está na Corte, uma grande festa organizada uma vez ao ano para amenizar a rivalidade entre as cortes seelies e unseelies (Verão e Inverno) acontece e traz consigo novas surpresas. O príncipe Ash da Corte Inverno, filho da rainha Mab, se revela um fairy bastante antipático, apesar da beleza. Uma grande confusão acontece durante a celebração e a Rainha Mab acusa o Rei Oberon de estar atentando contra os seus, declarando, mais uma vez, a impossibilidade de uma trégua.
Com tanta inimizade no ar, Meghan não pode esquecer de seu objetivo e sai em busca do mesmo, ao lado de Grimalkin, Puck e, para sua própria surpresa, Ash. Os dois fairies precisam lidar com seu passado e rivalidade em comum para que possam trabalhar juntos e ajudar Meghan, que por sua vez, promete a Ash ir com ele ao Reino Unseelie e se entregar à rainha Mab como prisioneira assim que conseguir levar seu irmão para casa.
Um romance muito fofo começa a se desenrolar, mas não vou contar entre quem. A amizade também está à prova, bem como novas alianças. Os fairies têm um enorme problema com o ferro e a tecnologia, o que acaba se mostrando ainda mais perigoso quando um novo reino está em ascensão: o Reino do Ferro. Como na lenda, a proximidade ao ferro pode matar um fairy, portanto eles não podem conviver com nada do tipo, ou mesmo lutar. A coragem e a insistência serão as únicas coisas que poderão levar Meghan ao irmão.
De tantos pontos positivos que encontrei no livro, a parte lendária é, sem dúvida, a melhor. Tudo o que se fala de um mundo que eu só conhecia por causa da Tinker Bell (Sininho) e da Fada da Cinderella, acabou se mostrando muito maior e mais fantástico. Seres que você chamaria de duendes podem ser tantas criaturas variadas, que alguns dos nomes acabam sendo familiares, como os gremlins, por exemplo. Uma criatura como Grimalkin, também chamado Cait Sith, te leva a imaginar o gato de Alice no País das Maravilhas.
O chamado steampunk, consagrado por Julio Verne em suas obras, também se apresenta em O Rei do Ferro e encobre as partes sombrias do livro de forma espetacular, eu diria. A junção dos aspectos tecnológicos com a fraqueza dos fairies gera reviravoltas e decisões importantes para os personagens, que também não deixam a desejar em suas atitudes.
Este é apenas o primeiro volume de uma série maravilhosa e que não deixa a desejar em nenhum aspecto. A narrativa é muito bem desenvolvida, com ação e romance no ponto certo, mas também muita informação interessante. Os personagens são encantadores até o fim, de forma que o que você acha que não pode melhorar, fica ainda mais interessante. Não estamos falando de um livro onde os clichês são bem-vindos, não se trata disso. O fim almejado é o de menos quando se tem um enredo tão bem elaborado e um contexto que não suporta o pouco.
Algo bem legal a respeito da série é que temos pequenos contos intermediando cada livro, que além de deixar um gostinho de quase-satisfação, já adianta alguns pontos futuros. A sequência, A Filha do Ferro, está intermediada por A Passagem para o Inverno, dando uma complexa e ótima continuidade ao que foi contado no em O Rei do Ferro.

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