Asas

Primeiro, você sente o ar à sua volta. Ele é leve, frio e se acomoda como sua própria aura. Você percebe que deixar ele te tocar não é o bastante.
Você precisa de mais. Então, você permite que seus pés deem o último adeus ao solo. É mais simples do que parece e você nunca acreditaria se te contassem, mas esquecer o chão só para sentir o vento com toda sua alma é mais do que um pássaro pode querer. Mas você não é um pássaro. Você é pesado e cheio de problemas para resolver. Ainda assim, você sobe. O ar agora é o vento que chicoteia seu rosto, seu corpo e torna seus pés inúteis. O primeiro segundo é o mais difícil, mas logo você compreende e segue a corrente. Não há necessidade de direção, apenas o vazio. Você sobe, sobe... e percebe que poderia fazer isso pelo resto da vida. Lá em cima, os monstros não te alcançam. É só você e o vento. Poucas nuvens cruzam seu caminho quando um pensamento intruso se apresenta. Está tudo perfeito, tanto que você não quer voltar à vida, mas o intruso chega de fininho e te impede de esquecer. Finalmente, você assume para si mesmo que estar nas alturas não é suficiente se não houver alguém para viver sua felicidade ao seu lado. Você precisa mostrar a beleza das suas asas. Precisa ver um sorriso brotar na face desse alguém por algo que você fez ou disse. Entender que o céu nunca foi o limite é o mais doloroso e, também, o mais libertador.

0 comentários:

Gostou do post? Por que não faz um comentário e deixa uma blogueira feliz? :)