Resenha: Fúria Vermelha – Pierce Brown


Fúria Vermelha é o primeiro volume da trilogia Red Rising, e revive o romance de ficção científica que critica com inteligência a sociedade atual. Em um futuro não tão distante, o homem já colonizou Marte e vive no planeta em uma sociedade definida por castas. Darrow é um dos jovens que vivem na base dessa pirâmide social, escavando túneis subterrâneos a mando do governo, sem ver a luz do sol. Até o dia que percebe que o mundo em que vive é uma mentira, e decide desvendar o que há por trás daquele sistema opressor. Tomado pela vingança e com a ajuda de rebeldes, Darrow vai para a superfície e se infiltra para descobrir a verdade. 'Fúria Vermelha' será adaptado para o cinema por Marc Forster, diretor de Guerra mundial Z.

Fúria Vermelha (Red Rising), escrito por Pierce Brown e publicado pela Globo Livros, é um romance distópico facilmente comparável ao sucesso Jogos Vorazes, possuindo, entretanto um enredo que leva a imaginação ainda mais além. 

Darrow vive em uma sociedade cruel, onde a divisão de classes vai muito além do que podemos imaginar. Ele é um Vermelho, o que significa dizer que passará a vida sob a terra, escavando túneis, enfrentando seres peçonhentos e a possibilidade de uma morte horrorosa. Ao contrário do que deveria, ele possui uma certa revolta, guardada muito bem a sete chaves, mas que, quando provocada, torna impossível trancafiá-la novamente. O contexto é claro: Darrow vive em um mundo pós-apocalíptico, diferenciado por ser nada mais e nada menos do que o solo marciano. É claro que a habitação em Marte só foi/é possível a custo de muito sacrifício, especialmente daqueles que dão a vida por recursos naturais. Descobrir que tudo o que já lhe contaram a respeito do mundo lá fora é baseado em mentiras e mesquinharia torna tudo mais doloroso, especialmente quando a pessoa que ele mais ama parte e lhe deixa a difícil tarefa de ser parte de um movimento para mudar tudo aquilo. 
 
O livro é narrado pelo próprio Darrow, um personagem bem típico quando se trata de distopia. Ele possui aquele pavio revolucionário esperando ser aceso, é feroz e não tem medo de encarar os desafios mais mortais. Assim como ele, boa parte dos personagens também o é, afinal, noventa por cento do livro se passa em algo semelhante a um campo de batalha. O desenrolar da história se arrasta um pouco, no início, mostrando a vida de Darrow embaixo da terra, mas tudo se torna frenético a partir do momento em que ele consegue se infiltrar como aluno Ouro, a casta mais importante daquela sociedade, e descobre que, para aqueles garotos, a vida também pode ser dura e extinta em questão de segundos se não forem frios e calculistas.

Não posso negar as semelhanças entre Fúria Vermelha e Jogos Vorazes. Todo aquele clima de revolução, jovens atirados para matar ou morrer e uma sociedade mentirosa são, certamente, um lugar comum para muitos enredos distópicos. A diferença, naturalmente, está no fato de que alguns autores conseguem ir além e transformar um simples plot em algo mais profundo e com novos cenários. Para mim é o suficiente, se a história fizer sentido, claro. Fúria Vermelha é um livro longo e sangrento. O autor não tem medo de matar os personagens e, ainda, nos apresenta a um protagonista que está mais para um anti-herói do que o mocinho. Gostei bastante da trama e já estou com a sequência, O Filho Dourado, na fila para leitura. O terceiro volume está prestes a ser lançado e eu agradeço à editora pela cortesia de ter me oferecido a oportunidade de conhecer a trilogia.

Eu poderia ter vivido em paz. Mas meus inimigos me trouxeram a guerra.”

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