Resenha: Linhagens – Uma Geração. Todas as Decisões. - Livro 2 – Eleonor Hertzog


E se você descobrisse que a Terra guarda grandes segredos? E se esses segredos fossem poderosos o suficiente para modificar o rumo de nossas vidas? Laços se estreitam, conflitos irrompem. Erros foram cometidos e o tempo está acabando. Nada é o que parece ser. Segredos emergem de Casas e Linhagens. Peggy corre grandes riscos e as consequências das próximas decisões podem colocar tudo em jogo. Os Melbourne mais uma vez terão que provar sua capacidade de resolver problemas. As consequências de cada decisão afetarão o Universo inteiro. Caberá apenas a Uma geração... Todas as decisões!

Linhagens é o segundo volume de Uma Geração. Todas as Decisões. - sequência de Cisne, escrito pela autora nacional Eleonor Hertzog, e conta com uma alta dose de ficção científica. (mini resenha de Cisne aqui)



Para começar, confesso que Cisne já foi uma surpresa e tanto para mim. Antes de começar a ler o primeiro livro, apesar de gostar de histórias longas, estava um pouco assustada com o tamanho daquele, com suas oitocentas e tantas páginas. Apesar disso, ele foi o primeiro da minha meta da Maratona Literária de junho e consegui ler tudo em menos de cinco dias. Na época, embora tivesse gostado muito da premissa e construção dos personagens, estranhei bastante o fato de haverem tantos nomes/personagens, o que me causou uma certa confusão. No entanto, no que tange às figuras principais, o desenrolar da história acabou se revelando inteligente e intrigante, razão pela qual fiquei muito ansiosa pela sequência, que para minha sorte, já havia sido lançada no ano passado.


Para quem não conhece Cisne, mas quer arriscar ler a resenha de Linhagens, devo dizer que a história é um misto de ficção científica, distopia e paranormalidade. Por se tratar de um momento em que o planeta Terra já fez contato e divide conhecimentos com outros mundos, a diversidade de seres e habilidades especiais é bem grande. É importante ressaltar que, a força psíquica é muito valorizada na história, assim, os mais poderosos, naturalmente, são os que possuem mais poderes mentais.


A bordo do grande navio de pesquisa Cisne, a família Melborne, pesquisadores marinhos, não é o que parece, mas cumpre seu dever, avaliando os vários aspectos do oceano e cuidando para que nada de errado ocorra sem que possam ajudar. A caminho de uma ilha habitada apenas por focas, a intuição/sensibilidade de Peggy, filha adotiva dos Melborne, insiste que há morte na ilha. Já que sua habilidade jamais seria ignorada por Henry e Doris, eles decidem seguir com cautela. Confirmando as terríveis suspeitas da família, algo muito estranho e fatal ocorreu por lá, levando à morte centenas de focas. Resta saber o quê... mas a resposta vem e deixa a todos sem reação, desencadeando um processo complicado em Peggy, relacionado às suas origens. Talvez ela seja mais perigosa do que seus irmãos jamais poderiam supor.


Em Linhagens, a abordagem da história toma um rumo inesperadamente frenético. São muitas informações e, o melhor de tudo, explica-se tudo o que havia me deixado dúvida no primeiro livro, sem estragar as surpresas. Entendemos um pouco mais sobre o passado de Peggy, assim como o de pessoas que fizeram parte dele. Aprendemos mais sobre a situação das espécies de seres que dividem espaço com os humanos na Terra e descobrimos que um possível Toque de Reunir, utilizado apenas nas situações mais difíceis, pode significar iminência de guerra.


Um toque de reunir é um evento mental incomum (…) Se compreendi corretamente este mundo, a Terra está se preparando para mudanças tremendas, e mudanças, na Terra, sempre envolvem violência, sangue e mortes.”


As últimas duzentas páginas do livro trazem uma novidade interessante para quem curte um romance, algo que não parecia ser um dos obetivos da trama. Gostei bastante do desenvolvimento e, finalmente, pude entender uma relação entre dois personagens que antes era apresentada só em pequenos comentários.


Em termos de clareza, Linhagens é superior a Cisne, pois além de se iniciar com um bom resumo dos fatos, está mais focado no núcleo principal de personagens. Desta vez, mesmo com a alta quantidade de informação, não me perdi e não confundi os personagens. Ao contrário, passei a compreender a importância daqueles citados em Cisne. Aliás, todos os personagens possuem um certo carisma, inclusive aqueles que, neste segundo livro, não estão tão agradáveis. Preciso chamar atenção para os meus preferidos: Peggy é tão altruísta e responsável que, mesmo fazendo besteira, é adorável; Tim é tão fofo e protetor que, honestamente, fico à espera de seus comentários mal-humorados e exagerados; Pete finalmente deixa de ser apenas uma lembrança e passa a mostrar seu gênio explosivo e poderoso; Henry e Doris, para mim, são verdadeiros heróis, pois com tanto filho ainda conseguem tempo para ajudar os dos outros... enfim, como não gostar de personagens tão habilidosos e inteligentes?


Embora ainda não saibamos tudo, boa parte dos mistérios já foram desvendados perante o leitor (mas não perante os personagens), o que aumenta a necessidade de ver resolvidos os impasses e seguir para a próxima etapa da série. O clima é muito conspiratório e, em dado momento, fiquei bem espantada com o rumo de certos fatos. Um importante elo mental, por exemplo, precisará ser desfeito para se evitar danos irreversíveis, mas a gravidade da situação é tamanha que eu não encontro saída alguma.


Por ser uma série grande (ainda não sei quantos livros teremos ao todo), com livros grandes e um enredo criativo e inteligente, o mínimo que podemos esperar é um terceiro livro incrível. O final de Linhagens é curioso e deixa um gancho desesperador para a sequência. Agradeço à Eleonor Hertzog por ter cedido o exemplar em parceria, especialmente por ser uma leitura tão boa. A capa é bem sugestiva quanto à trama e a diagramação e revisão não deixam a desejar, assim como as queridas folhas amarelas.


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